quarta-feira, novembro 30, 2005

Rostos

Os dias passam e com eles espreita-nos um novo ano que está prestes a começar. Esperam-nos novos projectos que nos propomos agarrar e damos novos passos em direcção ao que nos parecem ser os nossos sonhos mais concretizáveis.
É o que está a fazer também uma colega minha de laboratório que está prestes a partir por três ou quatro anos para um novo país em busca de uma realização que parece conseguir obter com o trabalho.
Por isso o final do dia de hoje foi diferente. Saí do Instituto já de noite e em vez de vir para Lisboa, como habitual, fiquei por lá perto, mais perto do mar. Fui a uma festa de despedida com as pessoas da minha ala. Uma festa à qual cheguei sozinho e na qual me encontrei com rostos. Sim, rostos. Rostos que se cruzam comigo todos os dias enquanto percorro os laboratórios; rostos que reconheço, aos quais digo bom dia e até amanhã, e aos quais esboço sorrisos, mas que não são mais nada do que simples traços de feição. São rostos que identificam identidades às quais vou atribuindo nomes, mas que para mim são desconhecidas.
E assim permanecem, mesmo depois de sete meses, desde que voltei para o Instituto. É isso que de certa forma me parece estranho. Normalmente sou reservado quando não conheço as pessoas e mantenho uma certa margem mesmo que inconscientemente, talvez para não me deixar expor demais, por defesa. Mas costuma haver uma altura em que quebro essa barreira e me deixo dar mais, aos poucos, nem que seja para partilhar o meu sentido de humor. É essa barreira, que para algumas pessoas é uma questão de horas, que com estes, ou estas, colegas, no geral, não se quebra.
Penso que se calhar vivemos em mundos demasiado diferentes. Ouço conversas, vejo brincadeiras e não me identifico. Sabem-me a nada, e apetece-me manter tudo assim com a distância de quem fala com respeito, de quem houve se for preciso, mas que não me expõe, nem se estende para além daquilo que é uma relação cívica e de trabalho.
Acho-o frio, mas sinto-o necessário, embora estranho.
Já falei diversas vezes disto com amigos e nunca percebo a que conclusão certa devo chegar. Só sei que esta situação me faz sentir todos os dias que há pessoas que hão-de passar sempre umas pelas outras sem se tocarem…
Mas não pensem que a festa não foi boa. A noite foi avançando e, com o tempo, depois da preparação do jantar e das barrigas cheias, acabamos por ficar em número cada vez mais reduzido. Ficaram apenas aquelas pessoas que mais me cativam e com quem mais me abro ou poderei vir a faze-lo. Pessoas que deixam cada vez mais de ser apenas rostos, para passarem a ser alguém que é um prazer encontrar e com quem é um prazer trabalhar.
Ainda me fartei de rir. As conversas deram muitas, muitas voltas. Falámos de experiências, de férias, de aventuras, e quando no início da madrugada voltei para casa, trazia comigo um sorriso.
E foi com esse sorriso que acho que aprendi. Foi talvez com ele que consegui tirar uma conclusão. Se temos à nossa frente cem pessoas diferentes, nunca iremos tocar nem ser tocados por todas, mas há sempre aquelas que têm um brilho que as distingue e que nos atrai. O importante é que, com aquelas com que simplesmente nos cruzamos sem nunca nos tocarmos, nunca nos deixemos, sem querer, colidir.
Beijinhos!

domingo, novembro 27, 2005















Hoje foi mais um dia marcado por uma festa especial.
Há dias assim.
Dias que parecem ficar para sempre assinalados por sorrisos!
Sorrisos meus,
Sorrisos de quem esteve presente,
Sorrisos da razão dos nossos sorrisos.
Uma razão que neste dia foi alguém querido e bonito.
Querido por tudo o que passou connosco
E bonito por aquilo que é e que se propõe a ser.
Um caminhar para um ideal por um trilho que se torna certo.
Uma certeza de fé e de confiança que dá força para continuar,
Que faz sentir o coração em paz.
E quando assim é
Vê-se nas expressões,
Ouve-se na voz,
Sente-se nos abraços,
Saboreia-se com sorrisos.
Sorrisos da razão dos nossos sorrisos,
Sorrisos de quem esteve presente,
Sorrisos meus.
Sorrisos que parecem ficar para sempre a relembrar-nos dias!
Dias assim.
Dias marcados por momentos que chamo de inesquecíveis.

[Parabéns Silvestre por este dia tão importante para ti. Obrigado pelo que nos tens ajudado a ser, por estares sempre ao nosso lado enquanto nos vês crescer. E deixando palavras da Mariana que não gostava que se perdessem, obrigado pela tua disponibilidade e, principalmente, pelo tempo, paciência e amizade que nos dedicas. Um grande abraço ao mais recente diácono franciscano português! =) A foto que deixo já foi tirada há uns tempos, mas foi lá em tua casa e com uma pessoa que está longe, mas que de certeza também te quer deixar beijinhos! =)]

sábado, novembro 26, 2005

Magia!

Desde pequeno que sempre tive uma relação curiosa com a magia. Sempre me fascinou imenso. Fazia-me brilhar os olhos e sonhar com aquilo que não era possível.
Acho que deve acontecer o mesmo com todas as crianças. Pelo menos suponho que exista um mundo mágico na imaginação de cada uma, tal como existia, e ainda existe, na minha.
Em pequeno sonhava em saber fazer truques, em tirar objectos infindáveis duma cartola, em fazer-me desaparecer e aparecer onde me apetecesse, e em voar. Talvez por isso sempre tenha gostado muito de ilusionismo.
Lembro-me de estudar vários truques repetidas vezes até parecerem perfeitos e de reunir depois, nas festas que ia havendo cá em casa, toda a família para assistir aos meus pequenos números. Lembro-me de adorar sempre que os fazia tão bem que ninguém percebia como o tinha conseguido e lembro-me também como era chato estar a fazê-los para pessoas que tinham confiança comigo.
Não percebia porque não conseguiam ficar sem perceber o ilusionismo e porque tinham de estar constantemente a pedir para repetir até me desmascararem. Não percebia porque é que a toda a hora pediam e perguntavam a meio do meu espectáculo coisas como: “Agora mostra a mão esquerda!”, “Agora vira-te de costas! O que é que tens nas costas?”. Isso não é normal! Nenhum espectador do Luís de Matos, por exemplo, lhe vai pedir para parar e mostrar o que tem nas mangas, não é?
Mas esta é a sede que os adultos têm de querer perceber tudo, mesmo aquilo que não existe necessidade de perceber. Porque o segredo daquilo que é mágico e o fascínio que a magia ou o ilusionismo nos traz, é precisamente continuar a ser surpreendente e desconhecido. Querer percebe-los é reduzi-los e destruí-los. As crianças nunca os tentam perceber e mantêm-se tão mais felizes.
E quem fala dos pequenos truques de cartas, de caixas e de bolas, fala de tanto mais que é mágico, que nos rodeia e que é tão bom deixar que o continue a ser.
Somos tanto mais felizes quanto mais nos deixarmos embebedar por essa magia e quanto mais acreditarmos nela.
A magia dos filmes e dos desenhos animados que não é preciso questionar, a magia dos livros, da natureza, do brilho das estrelas e da luz da lua no mar… E a mais importante de todas: a magia do que é simples, do que é puro e da amizade.
É essa magia que continuo a sentir, sem querer perceber o porquê. O importante é vivê-la, é respirá-la, é acreditar nela sem a camuflar com perguntas desnecessárias. É deixá-la livre para que possa ser espalhada pelo vento.
O que há de mais mágico que manter uma criança em nós? O que há mais mágico do que manter um espírito aberto e feliz, e continuar sempre a brincar?
Perder essa magia é a única forma que existe de se envelhecer! Porque é que acham que na Terra do Nunca todos eram crianças excepto o velho do pirata malvado?

Sorrisos!

[Hoje gostei muito de me deixar envolver no mundo de magia dos filmes do Harry Potter. Foram sessões continuas que me deixara com vontade de ver já o próximo! Adoro a amizade que une aquelas crianças. Juntas elas são as maiores! =) Ah! E sabem porque é que a Sininho gosta de andar a voar com os pós mágicos nas noites quentes de verão? LOL Fui! =)]

sexta-feira, novembro 25, 2005















Quarta-feira foi um dia especial, marcado por momentos especiais de que gostei muito.
Foi o dia em que mais um Nó acabou o seu curso. E é sempre tão bom quando sentimos que mais um de Nós termina com sucesso mais uma etapa cheia de tantos momentos partilhados que nos fizeram crescer.
Então, ficamos todos contentes somente porque um de Nós o está. Ficamos contentes por saber que tudo correu bem, que o esforço de tantos anos foi recompensado e por repararmos no bom desempenho e no profissionalismo, para além daquilo que normalmente vemos na nossa relação do dia-a-dia, como amigos.
Para qualquer um de Nós, sei que tanto na vida pessoal, como profissional, nunca ninguém irá ficar indiferente ao nosso amor, ao empenho, à dedicação, ao sorriso com que cumprimos os nossos deveres e com que falamos dos nossos projectos e ambições.
Conforta-me sentir que não seremos só mais uns, mas que aos poucos iremos marcando a diferença pela nossa atitude, pelo bom ambiente, pelo respeito.
E desta forma, só pode haver sempre apenas consideração, reconhecimento e laços de amizade por onde passarmos.
É isso que tem acontecido, não é? E é tão bom.
É como ir ao supermercado e para além das compras, ajudar uma senhora que procura tirar um caixote de uma prateleira alta onde não chega, apanhar a chucha que um bebé deixou cair enquanto a mãe faz o pagamento e o segura ao colo ao mesmo tempo, e ajudar um senhor velhinho desorientado por não saber onde se deve dirigir. São as pequenas atitudes que marcam a diferença.

Desta vez, quem acabou o seu curso foi a Sónia!
Às 5h estávamos nós a chegar à faculdade dela para ir assistir à sua grande apresentação e discussão final que correu muitíssimo bem!
Ela estava linda e com uma atitude e um ar extremamente profissional, e Nós, estávamos ligeiramente nervosos ou ansiosos também. =)
Mas é claro que não havia razão para isso. Quando se é bom, é-se bom e pronto! Mais nada! O resultado só podia ter sido o que foi. Excelente! =)
Depois tivemos logo de ir comemorar! Quer dizer, logo logo não. Ainda tive tempo para servir de cobaia de algumas estudantes que me fizeram um Electrocardiograma e um Ecocardiograma. Foi muito fixe! Principalmente porque está tudo bem comigo e porque vi o meu coração! Sim! Vi os meus ventrículos, as minhas aurículas e as minhas válvulas que abriam e fechavam sem que as pudesse controlar, como se fossem aquilo que somos porque está intimamente ligado a nós e não podemos nunca largar. =)
Só depois ficámos finalmente prontos para continuar a festejar. Estivemos à frente do Vasco da Gama à espera da Mariana e a dançar na rua músicas de Natal que metemos a tocar bem alto no carro do Tó, e quando ela chegou, partimos rumo a um restaurante chinês próximo, onde fomos jantar.
Foi lindo! O único jantar a que fui onde tivemos de arrombar a porta de uma casa de banho para salvar um dos nossos elementos que ficou lá retido, o Nuno! As nossas conversas com os chineses foram lindas! Hilário! Já todo o restaurante sabia o que estava a acontecer a apoiava-nos. =)
É sempre tão, tão bom, quando estamos todos juntos e bem dispostos como nesta noite… =)
Só faltou mesmo um discurso da Sónia que nos esquecemos de pedir, mas como é melhor tarde do que nunca, pedi mais tarde para ela nos deixar umas pequenas palavras neste nosso blog. Aqui ficam então:

“O dia 23 de Novembro de 2005 ficará nas memórias das histórias que irei contar aos meus filhos e netos: o dia em que acabei a licenciatura com a discussão do trabalho final.
Não só por todo o trabalho envolvido, por todo o empenhamento, pelas horas dispendidas com os professores, médicos e doentes, em hospitais, bibliotecas, em frente ao computador… para que este trabalho fosse bem feito e tivesse algum sentido, tanto para mim como para o meio científico em geral.
Estas serão apenas uma parte das recordações, porque as mais importantes residem nas pessoas que me acompanharam e apoiaram ao longo do último ano. Que foram uma presença constante e um ombro amigo. Que me fizeram dispersar um pouco quando me sentia saturada de tudo aquilo. Que me fizeram ver que o esforço tem sempre uma recompensa. E que qualquer esforço vale a pena se nos sentirmos apoiados e amados.
Escrevi este pequeno texto a pedido do Tiago.
Queria dedicá-lo a todas as pessoas que estiveram presentes neste dia (tanto na discussão como no jantar) e às que não se puderam juntar mas que se fizeram notar (por mensagens ou telefonemas). Todos vocês têm um lugar especial no “relatório” do trabalho (e que vos deixo aqui…): “Aos nossos Amigos, pelos momentos inesquecíveis de companheirismo e partilha – “E se mais do que receber a alegria está no dar, porque é que eu não quero ser feliz todo o dia?”. É um gosto, um prazer, um reforçar, um renascer, uma alegria… são sorrisos. Amigos que com a sua presença, contribuíram para o nosso crescimento pessoal, e que proporcionaram, com os seus conselhos e amizade, uma passagem mais agradável por esta etapa das nossas vidas – “Não vos trocava por nada desta vida”.
Obrigada por TUDO. Eu sou assim porque vos tenho a vocês e ao vosso carinho.
Um obrigado especial ao meu Nuninho. Adoro-te muito. Tu sabes…”
E despeço-me deixando um grande beijinho de parabéns à Sónia!
GMT Sóninha! GMT!
E obrigado por tantos momentos bonitos que temos vivido!

quinta-feira, novembro 24, 2005







Aimmm...








Re-Aimmm…
Esta semana já é a terceira vez que me parece sexta-feira…
Mas são umas sextas estranhas porque tenho sempre de ir trabalhar no dia seguinte por ter imensas coisas para fazer…
Ou seja, como tenho ido trabalhar depois do que me parece ser sexta-feira, parece que tenho andado a acordar e a levantar-me para ir trabalhar aos sábados…
Estão a ver?
E falta explicar ainda um outro pormenor. É claro que entretanto há dias como hoje que me parecem sexta quando estou no trabalho porque está lá toda a gente, mas que pareceram sábado quando acordei, e que pareciam que iam ser domingo quando me levantei no dia anterior!
Às tantas parece que já estou a trabalhar à três fins-de-semana consecutivos e sem pausas!
Uma pessoa assim não consegue manter-se saudável!
É batota! Tá mal! Dá um Tiiiiiiiro!
E depois… Depois é claro que só me apetecem fazer e dizer disparates! =)
No outro dia inventei uma anedota linda.
Oiçam só!
É uma conversa entre duas amostras de sangue que apanhei no laboratório a conversar:

“Amostra 1: Olá, eu sou uma amostra.
Amostra 32: Olá, eu também!
Amostra 1: Queres ser minha amiga?
Amostra 32: Não, para não haver contaminações.”
Estas amostras eram umas malucas! LOL
Duas das 34 que andaram por lá a conversar no laboratório desde o fim-de-semana em 224 tubos. =)
É normal querer um sábado que venha depois de uma sexta real e em que possa não ver tubos à frente?
Eheh

Beijinhos e abraços!
Espero que se andem a divertir tanto como eu me diverti ontem à noite! Depois conto o que aconteceu! ;)

[Entretanto o tubo da amostra 17 virou-se para o tubo da amostra 23 e disse: “Vou ali ao rio lavar o gargalo!” LOL Perceberam? O gargalo! LOL Ok… Vou dormir… =)]

terça-feira, novembro 22, 2005

… vencido! =)

Depois de chegar a Lisboa, no Sábado, o desafio que tínhamos acabado de iniciar estava longe de acabar. E nós mal sabíamos o quanto…
Domingo, segunda e hoje foram dias que se podem descrever como activos, intensivos e exigentes. De manhã à noite, as horas passavam e estávamos constantemente no laboratório com tubos de sangue à frente, a trata-los. Separar células, extrair RNA e DNA, preparar reagentes, determinar concentrações, guardar tubos, apontar e discutir os resultados…
O rádio tocava e ouvimos de seguida centenas de músicas, umas a seguir às outras, sem fim. As amostras pareciam não acabar e quando calculávamos as horas que ainda devíamos demorar para terminar, parecia sempre que se duplicavam. E durante mais tempo lá continuávamos nós sem parar, a correr em contra-relógio.
Também com o tempo, felizmente, o número de tubos nas bancadas ia mesmo assim diminuindo e sendo substituído por tubos progressivamente mais pequenos. O lixo que fazíamos, tanto sólido como líquido, aumentava a olhos vistos, mas rápido também o metíamos para esterilizar.
De vez em quando surgiam daquelas peripécias que agora só nos fazem rir. Como daquela vez em que achei estranho a Benedita estar a demorar tanto tempo para voltar da centrífuga para a sala de RNA. Quando olhei para trás estava ela a olhar para todos os recantos da bancada da centrífuga e a tacteá-la. Achei no mínimo sinistro e perguntei o que se estava a passar. Segundo ela, tinha perdido uma coluna à qual tínhamos o RNA de uma das amostras ligado. Tipo… para quem não sabe, as colunas são umas coisinhas parecidas com um supositório pequeno e oco, aberto de um dos lados, difíceis de encontrar se caírem, por exemplo, para baixo da bancada… Eu pensei para mim: “Mas como é que se perdem colunas quando se vão tirar da centrífuga uma a uma para meter num suporte?” Mas pronto, se tinha perdido, tinha perdido, e o único remédio era procurar a dita coluna. E foi revirar a bancada junto à centrífuga, foi ver a Benedita deitada no chão do laboratório a retirar cada vez mais coisas inacreditáveis debaixo da bancada por aquele centímetro e meio que a separa do chão. Primeiro dum lado… Depois do outro… Acho que lá deve existir de tudo um pouco. Um dia, numa emergência qualquer é só procurar. Em caso de fogo podemos, por exemplo, ir lá tentar encontrar mais extintores! Também lá deve haver. =) Mas pronto, nisto o tempo foi passando e já estavam mais colegas doutro laboratório a ajudar a procurar dando indicações, claro! LOL “Usa esta caneta!”, “Era melhor uma régua!”. Por ai. Até que o tempo foi passando e ao fim de uns 10 min a Benedita aparece de novo ao meu lado [sim, porque entretanto as coisas não podiam ficar paradas] e bem baixinho diz-me: “Tiago, afinal a coluna estava no suporte…Não dizes a ninguém, ok?”. LOL Claro que eu não digo! Achas Tita? =)
Bem… É isso mesmo! Foi muito cansativo! As nossas cabeças por vezes estavam tão em água que se ouvia chocalhar se as abanássemos! Mas de certo modo também foi uma experiência muito revigorante. Faz sentir um gostinho especial agora que quase terminou. Ter conseguido fazer tudo e obter bons resultados. Aliás, só bons resultados! Será mais uma daquelas histórias que à distância há-de ser bom recordar. Um sorriso já é, e com o tempo, decerto se tornará em algo mais especial, um sorriso profundo… =)

[Odiei sonhar numa das noites com tubos que nunca mais acabavam de chegar. Senti que houve alturas em que me senti cansado e sem a possibilidade de descansar, porque nestas alturas há sempre tantas coisas para fazer… Mas são estas coisas que o tempo cura e, mais tarde, quando olhamos para trás, parece que são apenas pequenos pormenores. Mais uns que nos ajudaram a ter ainda mais capacidade de trabalho, mais resistência, mais sabedoria e experiência. E nessas alturas, só ficamos a ganhar. Beijos e Abraços!]

sábado, novembro 19, 2005









“Tudo pronto?”
“Meteste os suportes dentro da caixa?”
“Querem parar nesta estação de serviço?”
“São 7 tubos por participante!”
“Mas tem de colocar os códigos de barras!”
“Se for o indivíduo afectado, indica o número da família a que pertence seguido de 0001.”
“Se for o controlo, termina em 0002.”
“Já chega, se não se está a conseguir não é preciso colher o sangue da senhora! Não, sangue arterial não é a mesma coisa!”
“Não te esqueças de indicar a que horas foi feita a colheita.”
“Meu Deus, tanto tubo!”
“Está na quinta centrifugação de meia hora…”
“Agora temos de resuspender os pellets.”
“Cuidado! Também não é preciso stressares as células.”
“Que horas já são?”
“Já é noite!”
“Ainda tens bolachas?”
“Esta centrifugadora está marada.”
“Só falta uma lavagem!”
“Guardaste os tubos de soro e de EDTA por ordem?”
“Agora é só adicionar RNAlater...”
“Acabou! Acabou! Nem quero acreditar! Acham que a casa das ovos-moles ainda está aberta?”

E foi mais ou menos assim que passámos o nosso final de sexta e o dia de Sábado. Essencialmente entre colheitas de amostras de sangue no hospital de Aveiro e o tratamento inicial de que necessitam para que depois possam ser devidamente trabalhadas já em Lisboa.
Os participantes que foram convidados para o estudo foram todos extremamente pontuais. Aliás, a maioria chegou antes da hora combinada e não houve nem uma única falta! Fiquei muito bem impressionado. Pareciam todos bem dispostos e disponíveis, mesmo estando num hospital num Sábado de manhã, às 9h.
Achei o ambiente todo ele simpático. Os corredores dos hospitais são menos intimidadores quando estão em silêncio e sem os movimentos agitados dos passos largos do pessoal e das macas que os atravessam a correr enquanto de vêem os sacos de soro a balançar. Isso de facto não existiu de todo naquela manhã.
Mas nós estávamos presentes para entrar realmente em acção no pós recolha das amostras. Foi estranho pegar nos diversos tubos de sangue ainda quentes. Normalmente parecem-nos mais uns tubos de plástico, ou de vidro, frios e com um material vermelho escuro passível de ser tratado e analisado, embora com cuidado. Depressa transformamos aquele líquido vermelho num outro amarelado, separamos as suas células, contamo-las, extraímos as moléculas que nos interessam e guardamos apenas pequenas quantidades dum líquido transparente que as contém dentro de uns tubos que a maioria iria achar pequenos demais para serem manuseados.
E foi enquanto preparávamos as amostras que íamos levando do hospital para o laboratório de Biologia da Universidade, bem equipados e com as condições necessárias, que o sol se levantou, atingiu o seu auge, voltou a baixar e desapareceu…
Acho que correu tudo bem! Não faltou materialm, desenrascamo-nos nos imprevistos e às 20h estávamos prontos para partir a correr para Oeiras para guardar o nosso material, vários tubos e todas as células que tínhamos isolado e lavado.
A viagem foi tranquila. Gosto de conduzir também de noite e a ouvir boa música. Chegámos às 22:30 aproximadamente, arrumámos tudo, e às 23: 30 ainda consegui estar com alguns grandes amigos a ver um pouco de Rádio Fanfarra a tocar ao vivo. =)

Quanto a Aveiro, pouco deu para conhecer, mas gostei!
Só mesmo na sexta à noite conseguimos conhecer um pouco. Fomos até ao Fórum e sentimos um pouco do espírito natalício que se recomeça a viver. Foi muito divertido. Deu para disparatar um pouco e rir muito!
Ficámos hospedados na residencial Alboi. O meu quarto ficava numas águas-furtadas e eu adoro águas-furtadas. O tecto mesmo assim era alto e o ambiente muito acolhedor. Ainda estivemos lá a beber uns chás e a rirmo-nos um pouco a ver televisão. Foi bem maneiro!
É sempre bom! Vamos conversando mais e conhecendo-nos melhor. Sabemos que somos apenas jovens que passamos pelas mesmas aventuras, que falamos com termos que a maioria desconhece, que nos rimos de piadas que possivelmente pouca gente mais percebe, que temos a mesma paixão, que nos entregamos de alma e que só queremos aos pouco ir investigando e contribuir um pouco para a ciência internacional e para o bem-estar do mundo! =)

[Ah! A casa dos ovos moles já não estava aberta… =( Mas deram-nos uns como presente =) Quanto a fotos… Pois, não tenho… A minha máquina anda pela Índia e tal… =)]

sexta-feira, novembro 18, 2005

Um desafio...

"A diferença entre o possível e o impossível depende da determinação de cada um.
Tudo parece impossível para quem nunca tenta nada!"
Começa hoje uma etapa de trabalho que vai parecer uma maratona. Uma etapa pela qual, de certo modo, esperei ansioso. Um desafio para o qual estive muito tempo a pensar e para o qual criei todas as condições necessárias para que corra bem, mas que tem também tanto de inesperado. Tem limitações, combinações de última hora, condicionantes que não estão nas minhas mãos resolver nem melhorar. Trabalhar num laboratório desconhecido e recolher amostras num hospital com uma equipa que ainda não está familiarizada com o estudo, assusta. Ainda para mais quando todo o estudo e todos os protocolos são novos. Quando é que se acaba de organizar tudo e se pode dizer que não podem haver imprevistos insolúveis? Pela quantidade de trabalho que vem de uma só vez, vou passar seguramente dias seguidos no laboratório, muitas horas sem parar, para além de várias horas na estrada a conduzir. É como se estivesse agora no conforto das minhas certezas, entre tudo o que posso controlar, convicto de ter em papel tudo planeado, mas me estivessem quase a mandar para aquele destino que, embora certo, é desconhecido.
Eu acho que vai correr bem! Pelo menos nós vamos fazer por isso! Vou ter um fim-de-semana, no mínimo, original e inédito.
E uma coisa é certa! No final, terei garantido ainda mais trabalho! =)
"A recompensa pelo trabalho bem feito é a oportunidade para fazer mais."

quarta-feira, novembro 16, 2005

Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida

"Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapos e me presenteasse com um pedaço de vida, possivelmente não diria tudo o que penso, mas, certamente, pensaria tudo o que digo.

Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam. Dormiria pouco, sonharia mais, pois sei que a cada minuto que fechamos os olhos, perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os demais parassem, acordaria quando os outros dormem. Escutaria quando os outros falassem e gozaria um bom gelado de chocolate.

Se Deus me presenteasse com um pedaço de vida, me vestiria simplesmente, me jogaria de bruços no solo, deixando a descoberto não apenas meu corpo, como minha alma. Deus meu, se eu tivesse um coração, escreveria meu ódio sobre o gelo e esperaria que o sol saísse.

(…) Regaria as rosas com minhas lágrimas para sentir a dor dos espinhos e o encarnado beijo de suas pétalas. Deus meu, se eu tivesse um pedaço de vida... Não deixaria passar um só dia sem dizer às gentes – amo-te, amo-te. Convenceria cada mulher e cada homem que são os meus favoritos e viveria enamorado do amor.

Aos homens, lhes provaria como estão enganados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saber que envelhecem quando deixam de se apaixonar. A uma criança, lhe daria asas, mas deixaria que aprendesse a voar sozinha. Aos velhos, ensinaria que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.

(…) Aprendi que todas as pessoas querem viver no cimo da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está na forma de subir a encosta. Aprendi que quando um recém-nascido aperta com sua pequena mão pela primeira vez o dedo de seu pai, o tem prisioneiro para sempre.

Aprendi que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para ajudá-lo a levantar-se. São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas, ao final, não poderão servir muito porque quando me olharem dentro dessa caixa, infelizmente estarei morrendo."


Gabriel Garcia Marquez

Ontem à noite a Sónia propor-nos parar e reflectir um pouco sobre este texto que já à muito me toca de uma forma especial. Gosto de cada uma das suas partes desde a primeira vez que o ouvi. Gosto da sua sonoridade e da mensagem que transmite. Acredito e creio na sua importância.
É um dos textos que a Andreia tem escritos no seu livrinho de frases bonitas e de capa branca em que já tantas vezes me inspirei. Um texto que já várias vezes tinha querido passar a limpo numa folha para que pudesse ler sempre que a reencontrasse.
Lembro-me das vezes em que pedi à Andreia para o ler e lembro-me que todas elas se tornaram em momentos especiais. Juntos em casa dela, a caminho de Santiago de Compostela… Parece que quando o leio ainda ouço a sua voz a terminar as palavras.
E ontem o momento que criámos não foi menos especial. Ao som de uma boa música e vendo ao mesmo tempo algumas fotos bonitas que temos, demos por nós a pensar nas coisas mais importantes da vida.
Acho que o texto fala por si. Somente uma pessoa com o nome de Gabriel o poderia ter escrito. =)
Excelente ideia Sónia! Sorrisos! =)

terça-feira, novembro 15, 2005

Eu sei...

Hoje à noite dei por mim pensativo e introspectivo. A culpa foi minha, eu sei... Meto-me a escrever, a traduzir por palavras aquilo que ouço nos meus pensamentos e acabo por sonhar, por vezes, até onde não consigo chegar. E depois, quando isso acontece e volto a reflectir no que escrevi, sinto-me pequeno, desencontrado, perdido. Parece que falo mais do que consigo ser, ou parece que não o consigo ser sempre e em todo o lado. Surge uma sensação de vazio em mim por me sentir incompleto… Ouço criticas e sinto que há quem exija mais do que dou. Pergunto para mim se sou aquilo em que acredito, ou se apenas acredito e digo sem o ser… E nessas alturas é frequente sentir-me desenquadrado do mundo. Sinto-me fraco e carente. Sinto que sou diferente, mas que não consigo de facto sê-lo. Sinto-me sê-lo apenas pela metade e vou assim passando pelos outros sem os tocar, sem ser sequer uma presença para tantos…
Foi por isso que não estava tão sorridente quando nos encontrámos no grupo. São estas coisas todas em que vou mergulhando porque acho que importam pensar…
Antes de sair, pedi à Mercedes que me enviasse um texto qualquer de que ela gostasse e que falasse do que estou a sentir. Mas não lhe disse mais nada, nem expliquei o que se passava pela minha cabeça. Simplesmente, pedi. Ela pensou um pouco e enviou-me umas pequenas palavras e a letra de uma música que eu adoro. Parece que acertou. Uma musica que se centra tanto nEle, que está na base das minhas convicções e dos meus sonhos. Foi a vez que senti que mais se encaixou em mim:

“À primeira vista a escolha destas canções pode não ter lógica…
À primeira vista podem não ter qualquer ligação…
À primeira vista podem ser meras palavras desconexas…

Mas experimenta olhar com mais atenção…
Experimenta ouvi-las dentro de ti…
Experimenta ouvi-las com o coração…
Depois canta-as bem alto para os anjos ouvirem e rejubilarem nos céus! ;-)”
Maninha Mercêdes
Se eu voar sem saber onde vou
Se eu andar sem conhecer quem sou
Se eu falar e a voz soar com a manhã
Eu sei…

Se eu beber dessa luz que apaga em noite em mim
E se um dia eu disser que já não quero estar aqui
Só Deus sabe o que virá, só Deus sabe o que será,
Não há outro que conheça tudo o que aconteça em mim.

Se a tristeza é mais profunda que a dor
Se este dia já não tem sabor
E no pensar que tudo isto já pensei
Eu sei…

Se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim
E se um dia eu disser que já não quero estar aqui
Só Deus sabe o que virá, só Deus sabe o que será,
Não há outro que conheça tudo o que acontece em mim.

Se eu beber dessa luz que apaga a noite em mim
E se um dia eu disser que já não quero estar aqui
Na incerteza de saber o que fazer, o que querer
Mesmo sem nunca pensar que um dia eu vá expressar
Não há outro que conheça tudo o que acontece em mim.
Sara Tavares
Eu Sei

Entretanto houve uma amiga que me disse que o que sinto não é fraqueza, mas sim crescimento interior. Que é sinal de que estou sempre a caminhar para o meu ideal e que as dúvidas servem para a minha evolução. O que tenho é o que cativo e o que sonho é o que me faz ser. Ser aquilo que conseguir ser, de coração.
Eu, no fundo, também acredito que sim. Confio que sim. Eu sei que sim. A nossa fé acredita que não é uma ilusão.

Obrigado Mercedes, também gosto muito muito de ti! =)
Obrigado Tu, pelas mensagens e pelas coisas que me disseste e que nunca mais ninguém me disse, que sabem bem, mas que devem ser mentira. ;-)

domingo, novembro 13, 2005

Vivo em nós

Durante esta última semana todos devem ter ouvido falar, tal como eu, de um congresso diferente dos que estamos habituados, que se realizou este ano em Lisboa e que se chamou de Congresso Internacional para a Nova Evangelização. Ouvia-se falar de Cristo Vivo, ouvia-se falar de Missão na Cidade. Viam-se cartazes pela rua a anuncia-lo e pessoas no metro com crachás ao pescoço e com um cachecol estranho e colorido.
Um congresso que abordou um tema que nos faz a todos pensar. Pelo menos, um tema sobre o qual toda a gente tem uma palavra a dizer, que origina debates e discussões, ao qual ninguém fica completamente indiferente, porque é profundo, porque nos toca a todos pela nossa educação, porque incomoda.
Incomoda porque nos desafia para algo que nem sempre é fácil, porque obriga a pensar e a fazer um esforço interior para mudar. Porque transmite uma mensagem que nos responsabiliza e que nos compromete, mas que nos traz também todas as recompensas que nos dá o amor, a partilha e a comunhão.
Uma mensagem que dá mais trabalho ouvir do que ignorar, mas que nos ensina a ousar e a acreditar. Uma mensagem que transmite a forma mais fácil de atingir aquilo que todos dizem querer: paz, entendimento, respeito, entreajuda, consideração.
Uma festa que se centra em Jesus, tal como o Natal que todos gostamos de celebrar.

No último Sábado, na catequese, tínhamos de falar um pouco mais sobre este Congresso com os nossos meninos. Achámos que a forma melhor de o fazer era juntando todas as crianças do 1º ao 10º volume no mesmo espírito dinâmico do Congresso e de união que Jesus nos ensinou a ter. Fizemos equipas com meninos de todas as idades, apresentámo-los uns aos outros, e desafiámo-los para jogarem e aprenderem connosco mais sobre o que é isto de evangelizar.
Como já os meninos do 2º volume conseguem dizer, a palavra evangelizar vem de evangelho, que é a palavra estranha que se dá aquilo que grandes amigos de Jesus escreveram para nos fazerem relembrar o que de mais importante Ele nos quis ensinar. Ensinamentos contados através de histórias, de parábolas, que nos falam da forma como nos devemos comportar e como nos devemos relacionar. Palavras nas quais, acima de tudo é necessário acreditar e confiar.
E era precisamente sobre isto que falava o posto da gincana que eu e a Mercedes coordenámos. No acreditar que a mensagem que nos foi deixada por Jesus é aquela que nos faz mais bonitos e felizes. No confiar, no ter fé.
No jogo, os meninos mais novos de olhos vendados e em fila indiana, tinham de acreditar e confiar nos mais velhos que, através de um código, lhes tinham de dar indicações como contornar inúmeros obstáculos.
Fiquei contente por todos eles terem acreditado e confiado, por terem mesmo chegado a correr entre os obstáculos de olhos vendados.
Acontece o mesmo connosco nos nossos dias. Mesmo quando não conseguirmos ver com nitidez, se tivermos fé, confiarmos e acreditarmos, há passos que tomados, nos levam sempre ao mesmo destino certo e pretendido. Que nos fazem sempre ver a claridade por entre o escuro.

Adorei ver todos os meninos tão contentes e tão empenhados. Adorei ver que as equipas funcionaram mesmo sendo tão heterogéneas. Adorei ver a entreajuda, a partilha, os sorrisos.
Porque é isto que realmente é evangelizar. É espalhar sorrisos. É faze-los nascer em quem nos rodeia sem os impor. É fazer sentir no coração dos outros o mesmo calor que sentimos que aconchega o nosso, tranquilamente, porque nos identificamos. É fazer sentir certo em cada um que podemos ter Jesus vivo em nós.

sábado, novembro 12, 2005















E mais uma semana passou cheia de noites mágicas e gostosas.
Segunda com a festa de anos da minha priminha Catarina e com uma divertida sessão de cinema; terça sentado num sofá com grandes amigos a planear actividades; quarta no teatro com a peça de uma amiga muito querida, a Mercedes; quinta em casa, num jantar de família e de despedida; sexta com o concerto Life4U no Rossio a que não podia faltar, e sábado, pela terceira vez consecutiva, num barzinho de Lisboa a ouvir os Rádio Fanfarra a cantar ao vivo. =)
Noites de fotos, noites de sorrisos, noites cada vez mais frias mas que aquecem o coração, noites boas!
Noites intervaladas por dias que foram também simpáticos e agradáveis. Dias em que acordei sempre cedo para trabalhar, para ir correr de manhã com amigos ou para ir dar catequese. Dias em que pude contemplar o mar, em que almocei sempre bem acompanhado e em que vi mais um filme ou outro. Dias em que ainda tive, por vezes, tempo para escrever um pouco. =)
Deixo algumas das fotos que tirei.
Obrigado por toda esta semana recheada de momentos especiais!
Sorrisos!

terça-feira, novembro 08, 2005















Faz hoje um ano que recebi o certificado que mais me orgulho de ter recebido! Curiosamente, recebi-o na festa que organizei em minha casa, com o incentivo de alguns amigos, para comemorar o final do meu curso. Sim! O final de 5 anos de muita entrega, estudo, trabalho e dedicação. Uma entrega que muitas vezes quase tomava dimensões difíceis de conciliar como o resto que me fascina e que me rodeia, mas que penso ter conseguido sempre mantido saudável.
Como eu costumo dizer, uma opção. Uma opção que fiz. Uma opção que hoje continuo a achar que foi boa e que me satisfaz. Que me fez chegar ao fim e sentir que dei sempre o melhor de mim e que cresci o melhor que soube, numa etapa que é essencialmente de preparação e de lançamento para tanto que é a nossa vida e que passa pela nossa educação e formação.
Sei que por vezes foi uma dedicação que me fechava. Que me fazia recolher vezes sem conta entre as paredes do meu quatro, ou passar horas, horas, e dias com colegas de grupo a trabalhar e nem sempre, embora quase, no melhor dos ambientes.
Lembro-me de ir tantas vezes para o Técnico a pensar que tinha de me esforçar por ser mais presente para a minha família e para os meus amigos, para que pudéssemos estar e partilhar os nossos momentos sem ser apenas nas alturas em que estávamos juntos por hábito ou por rotina…
Lembro-me tantas vezes de pensar que tinha de passar acreditar mais em mim, que tinha de passar a gostar mais de mim, que tinha de passar a não me colocar em segundo lugar na importância que pensava ter para as pessoas…
Tantas vezes que pensei que queria ser para tanta gente um amigo mais certo, a quem se lembram de telefonar apenas para desabafar, apenas porque lhes apetece falar, apenas porque gostam da companhia e se identificam.
Tantas vezes senti que não o conseguia, mas que tinha de ir tentando, aos poucos, enquanto descobria também mais espaço em mim para o fazer.
E foi o que foi acontecendo. Dia a dia tentava lutar um pouco por este equilíbrio que queria atingir melhor. Aquele equilíbrio que todos queremos encontrar. O que mais nos preenche e completa.
Achava engraçado porque me diziam sempre que era das pessoas mais sociáveis, que era o mais consensual porque me dava bem com toda a gente, porque não tinha um grupo definido e porque andava saltitante entre os diferentes grupos que se iam formando.
Sei que andei sempre bem disposto, sempre com um sorriso, sempre feliz. Pelas oportunidades, pelos colegas simpáticos que tinha, por estudar aquilo que gostava, por ter o meu grupo de jovens fixo uma vez por semana, pelos momentos que conseguia gozar de forma diferente. Quando conseguíamos ir acampar, quando ia de fim-de-semana com os 3Nós, nas festas e quando nos reuníamos em família.
Mas vivia de uma forma tão mais controlada, de uma forma tão presa ao relógio. Abria-me tão menos aos meus sentimentos, por vezes, até comigo próprio. Expunha-os tão pouco.
Hoje sinto que foi importante o tempo ir passando e que é gradualmente que vamos reflectindo e mudando. Que depende apenas de nós a vontade de lutarmos e modificarmos, aos poucos, aquilo que mais nos incomoda em nós próprios e na nossa relação com o mundo. Eu acho que o tenho feito. Eu noto-o. Nota quem mais me ama também. Sinto-me dia a dia ainda mais feliz e acho que isso vai acontecer até ao meu último dia aqui, entre as coisas terrenas que nos vão segurando.
É essencial não nos conformarmos connosco. É essencial queremos ser mais para fora de nós.
E foi no fim dos 5 anos em que tudo isto me ia passando pela cabeça enquanto andava entre livros, dossiers e amigos que, aqueles que melhor me conhecem, me entregaram aquilo de que vos falei no início deste texto.
Chamasse Certificado da Faculdade Internacional 3Nós e deixa-me com um sorriso do tamanho do mundo! =)
Segundo ele “Certifica-se que Tiago Krug ficou aprovado com a nota final de 20 (Vinte) valores na defesa do seu relatório da amizade, onde fica assente que apesar de não dever muito à inteligência até é um amigo porreiro. O seu carácter altruísta e o seu espírito alegre fazem dele um excelente elemento desta instituição. Assegura-se desde já que se encontra associado a esta entidade, para integração em futuros projectos, da qual não poderá desvincular-se sob pena de ser expulso vergonhosamente e sem glória.”
É por isso que não me desgrudo, nem quero desgrudar, destes amigos que me ajudam a ser a cada dia uma pessoa mais bonita, confiante, segura, altruísta e feliz! Com o meu sorriso, com o deles, e no meu, no nosso, mundo azul!
Repetindo aquilo que escrevi há um ano no meu relatório de estágio e que hoje reafirmo ainda com mais força, agradeço aos meus amigos 3 Nós por tudo! Pelas terças à noite, pelos fins de semana, pelas festas que fazemos sempre que estamos juntos, pela forma comum como olhamos para o mundo e pela força e incentivo especiais e constantes.
Eu sei que vocês o sentem! Eu agora sinto que se esgotam as minhas palavras... =)
AV! Sorrisos profundos!

segunda-feira, novembro 07, 2005














São tantas as vezes que nos perdemos. Perdemo-nos em pensamentos, perdemo-nos no tempo, perdemo-nos dos nossos caminhos e do nosso rumo, perdemo-nos entre coisas acessórias e superficiais.
São tantas as vezes que nos perdemos. E perdemo-nos de tantas formas diferentes. Ficamos dispersos, focamos algo pouco nítido, confundimos as nossas prioridades.
Perdemo-nos, e só reparamos que nos perdemos quando algo de diferente acontece e nos toca. Quando algo nos faz sentir o coração crescer e nos volta a transformar.
E é tão bom experimentar essa mudança. E há coisas tão certas que nos fazem senti-la.
É bom repetir o encontro, mesmo quando nem sequer andamos perdidos. É bom revive-lo, relembra-lo, revigora-lo.
O encontro de que falo hoje, tenho repetido sempre que possível. Talvez para nunca perder aquilo que sinto que ele me traz. Talvez para que ele me continue a encher e a remodelar. Talvez porque só assim continua com sentido o sentido que ele me dá. Para que não volte a perder o conforto e a certeza que ele me confere, que ele nos concede.
É um encontro que surge tão certo entre olhares perdidos. Entre gente que nos parece tão frágil, mas que nos ensina tanto. Ensina-nos a dar, ensina-nos a sorrir, ensina-nos a avaliar o que é de facto importante e a olhar para fora de nós com mais carinho e atenção.
É um encontro com crianças que se tornam uma luz e que nos iluminam o caminho, nos enchem de fé e nos seduzem pela ternura dos seus gestos. Que nos ensinam a confiar uns nos outros e na beleza das coisas simples.

Domingo, voltámos a ir a Caneças para fazer uma gincana com aqueles a quem já chamamos de nossos meninos. Meninos que cada vez se abrem mais e que nos acolhem melhor. Sorrisos e abraços que nos dão sem quase nos conhecerem. Uma felicidade tão pura entre trocas tão certas e que se tornam tão fáceis. Olhares profundos que nos tocam a alma e que nos dizem mais do que mil palavras. Olhares que nos fazem sentir o calor humano, a importância das relações e a necessidade que temos uns dos outros. Mais do que das roupas, mais do que do chá quente ou que do sol.
E então, é como se tudo fosse completo, é como se o sorriso não nos largasse, é como se fossemos todos iguais, tivéssemos os mesmos problemas e as mesmas possibilidades. Deixamos de nos distinguir e corremos, brincamos, abraçamos, pulamos, estamos.
Estamos e ficamos mesmo quando nos vimos embora. Ficamos para eles nos seus sorrisos, entre as lembranças daquele espaço, entre as formas que fazem lembrar as nuvens de poeira do campo de futebol quando todos se recolhem, a noite começa a cair e o sol já chega apenas em tons de laranja. Ficamos porque os trazemos nas nossas lembranças, porque crescemos com eles e lhes queremos bem.
Vejo as fotografias e só sorrio. Acho-os lindos, profundos.
Fico para mim com uma certeza: É bom rechear a nossa vida com os outros!

[Escrevi livremente o que me saiu. Não me estava a sentir inspirado, mas queria deixar ouvir os meus pensamentos. Fi-lo depois de ouvir uma música linda dos Green Day que a Sónia me mandou e que diz no refrão que “It's something unpredictable but in the end it's right. I hope you had the time of your life”. Tem a ver, não? “So take the photographs and still frames in your mind.”]

sábado, novembro 05, 2005

















Fins de tarde, amigos, telhados e gatos…
Quatro prazeres de que me adoro envolver.
Vê-los. Senti-los.
Como é bom passar os fins de tarde ao som de uma música agradável e suave, a ver fotografias no nosso sofá mais confortável.
Como é bom ficar horas sem fim a conversar com amigos sobre tema nenhum, sob uma luz quieta e relaxante.
Como é bom ver as cidades, vilas e aldeias de cima e observar os telhados irregulares que separam a tranquilidade das diferentes cores do céu, da agitação da vida rente ao solo.
Como é bom ter a companhia de um gato, brincar com ele, tê-lo ao colo enroscado a ronronar e acaricia-lo enquanto finge que dorme, ou senti-lo presente a uns poucos metros esticado ao comprido no tapete a contentar-se com a luz quente do sol.
Quatro prazeres de que me adoro envolver.
Saboreá-los. Aproveitá-los.

[A foto foi tirada em Porto Covo, num fim-de-semana que nunca me canso de recordar. Foi diferente deste que estamos agora a passar, mas tal como este, cheio de momentos em que pude viver esses quatro prazeres]

quarta-feira, novembro 02, 2005










Ontem o Nuno e a Sónia fizeram mais um mês de namoro!
Podem achar que é tonto, mas eu fico muito feliz por eles! É tão bom ver e sentir o amor que os une. Que os faz, a cada dia, terem uma vontade maior de serem ainda mais bonitos e melhores. Que os faz não aceitar algo feito pela metade. Que os faz dizer e fazer coisas tão simples e belas. Que os faz ter uma relação tão serena e saudável. Tão equilibrada.
Têm sido prova de que o amor em que acredito ainda existe! A prova que pode nascer e alimentar-se nos dias de hoje, entre o trabalho, os amigos e a família. Daquela mesma forma como os anjos amam.
Apetece-me sorrir quando os vejo juntos e por isso faço-o sempre. Porque eles são o casal de namorados mais bonito que eu conheço! Dois grandes, grandes amigos, lindos por fora e por dentro, que tenho a sorte de conhecer e o prazer de conviver, e a quem desejo toda a felicidade do mundo!

Deixo uma canção que conheci hoje e de que gostei muito. Eu ainda não a posso cantar, mas eles podem passar estes dias de chuva a gritá-la, ou simplesmente a cantarolar. =) É linda! E lindo ouvi-la enquanto a chuva bate nas janelas e nós estamos quentinhos a pensar.

I won't spend my life
Waiting for an angel to descend
Searching for a rainbow with an end
Now that I've found you I'll call off the search
And I won't spend my life
Gazing at the stars up in the sky
Wondering if love will pass me by
Now that I've found you I'll call off the search

Out on my own
I would never have known this world
That I see today
And I've got a feeling
It won't fade away

And I won't end my days
Wishing that love would come along
Because you are in my life where you belong
Now that I've found you I'll call off the search

Katie Melua
Call Off The Search

Grande abraço aos dois!

terça-feira, novembro 01, 2005

Nós somos a promessa em cada manhã

É pelo sonho
que surge a esperança.
Pelo sonho que seguimos.
E cada dia que nasce
pelo sonho vamos em frente,
além fronteiras,
à conquista
de novos horizontes,
novos desafios,
novos laços de amizade.
João Cafaia

Nós somos a promessa em cada manhã, nos nossos gestos inventamos o dia, e é nas nossas mãos que o futuro se faz!
Amizando, conversando, partilhando e dando a cada dia mais de nós aos outros, aos poucos, lutando por transpor as nossas limitações, podemos tornar o que os nossos gestos inventam em pequenos importantes feitos que juntos, penso que podem abrir uma passagem da aridez à criação de um futuro mais risonho.

Espero que tenham tido um feliz dia de todos os Santos como eu tive, e que exista, cada vez mais, um santo em cada um de nós. Às vezes penso que se a cada dia fizéssemos todos sempre mais por isso, estaríamos mais facilmente sempre todos no mesmo barco, unidos.

Abraço! =)