
“Tudo pronto?”
“Meteste os suportes dentro da caixa?”
“Querem parar nesta estação de serviço?”
“São 7 tubos por participante!”
“Mas tem de colocar os códigos de barras!”
“Se for o indivíduo afectado, indica o número da família a que pertence seguido de 0001.”
“Se for o controlo, termina em 0002.”
“Já chega, se não se está a conseguir não é preciso colher o sangue da senhora! Não, sangue arterial não é a mesma coisa!”
“Não te esqueças de indicar a que horas foi feita a colheita.”
“Meu Deus, tanto tubo!”
“Está na quinta centrifugação de meia hora…”
“Agora temos de resuspender os pellets.”
“Cuidado! Também não é preciso stressares as células.”
“Que horas já são?”
“Já é noite!”
“Ainda tens bolachas?”
“Esta centrifugadora está marada.”
“Só falta uma lavagem!”
“Guardaste os tubos de soro e de EDTA por ordem?”
“Agora é só adicionar RNAlater...”
“Acabou! Acabou! Nem quero acreditar! Acham que a casa das ovos-moles ainda está aberta?”
E foi mais ou menos assim que passámos o nosso final de sexta e o dia de Sábado. Essencialmente entre colheitas de amostras de sangue no hospital de Aveiro e o tratamento inicial de que necessitam para que depois possam ser devidamente trabalhadas já em Lisboa.
Os participantes que foram convidados para o estudo foram todos extremamente pontuais. Aliás, a maioria chegou antes da hora combinada e não houve nem uma única falta! Fiquei muito bem impressionado. Pareciam todos bem dispostos e disponíveis, mesmo estando num hospital num Sábado de manhã, às 9h.
Achei o ambiente todo ele simpático. Os corredores dos hospitais são menos intimidadores quando estão em silêncio e sem os movimentos agitados dos passos largos do pessoal e das macas que os atravessam a correr enquanto de vêem os sacos de soro a balançar. Isso de facto não existiu de todo naquela manhã.
Mas nós estávamos presentes para entrar realmente em acção no pós recolha das amostras. Foi estranho pegar nos diversos tubos de sangue ainda quentes. Normalmente parecem-nos mais uns tubos de plástico, ou de vidro, frios e com um material vermelho escuro passível de ser tratado e analisado, embora com cuidado. Depressa transformamos aquele líquido vermelho num outro amarelado, separamos as suas células, contamo-las, extraímos as moléculas que nos interessam e guardamos apenas pequenas quantidades dum líquido transparente que as contém dentro de uns tubos que a maioria iria achar pequenos demais para serem manuseados.
E foi enquanto preparávamos as amostras que íamos levando do hospital para o laboratório de Biologia da Universidade, bem equipados e com as condições necessárias, que o sol se levantou, atingiu o seu auge, voltou a baixar e desapareceu…
Acho que correu tudo bem! Não faltou materialm, desenrascamo-nos nos imprevistos e às 20h estávamos prontos para partir a correr para Oeiras para guardar o nosso material, vários tubos e todas as células que tínhamos isolado e lavado.
A viagem foi tranquila. Gosto de conduzir também de noite e a ouvir boa música. Chegámos às 22:30 aproximadamente, arrumámos tudo, e às 23: 30 ainda consegui estar com alguns grandes amigos a ver um pouco de Rádio Fanfarra a tocar ao vivo. =)
Quanto a Aveiro, pouco deu para conhecer, mas gostei!
Só mesmo na sexta à noite conseguimos conhecer um pouco. Fomos até ao Fórum e sentimos um pouco do espírito natalício que se recomeça a viver. Foi muito divertido. Deu para disparatar um pouco e rir muito!
Ficámos hospedados na residencial Alboi. O meu quarto ficava numas águas-furtadas e eu adoro águas-furtadas. O tecto mesmo assim era alto e o ambiente muito acolhedor. Ainda estivemos lá a beber uns chás e a rirmo-nos um pouco a ver televisão. Foi bem maneiro!
É sempre bom! Vamos conversando mais e conhecendo-nos melhor. Sabemos que somos apenas jovens que passamos pelas mesmas aventuras, que falamos com termos que a maioria desconhece, que nos rimos de piadas que possivelmente pouca gente mais percebe, que temos a mesma paixão, que nos entregamos de alma e que só queremos aos pouco ir investigando e contribuir um pouco para a ciência internacional e para o bem-estar do mundo! =)
[Ah! A casa dos ovos moles já não estava aberta… =( Mas deram-nos uns como presente =) Quanto a fotos… Pois, não tenho… A minha máquina anda pela Índia e tal… =)]
1 Comments:
Que pena que vc não viu a tal casa.
Até eu aqui tão longe já me empanturrei com aquele barrilzinho com desenho de barco cheinho até a tampa de ovos moles. Que saudade!!!!!!Deu agua na boca!!!!
Qto a tua pesquisa, como vc mesmo disse, não dá muito para compreender os termos técnicos, mas o que se percebe é a sua alegria e entusiasmo.Boa sorte amigo!!!!!!!!!!
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