sábado, agosto 06, 2005















Claro que aquele sentimento de insegurança com que estava passou de imediato. São sentimentos aos quais não podemos dar muitos créditos e que temos de lutar para deixar. E para isso não há nada melhor do que falar sobre eles abertamente. Foi o que eu fiz na manhã seguinte. E lá voltei eu a ficar inteiramente receptivo a todos os momentos tão bons e especiais, de aventuras, de animação e, de vez em quando, de descanso e recordações…
Hoje fomos a um dos meus locais preferidos. Dos locais mais bonitos que conheço, onde me sinto livre de qualquer peso e completamente receptivo e aberto, principalmente em oração. Esse local é o vulcão dos Capelinhos, o pedaço de chão mais recente de Portugal. Uma elevação fantástica de terra para fora de água que resultou duma erupção que foi fotografada aereamente pelo meu avô. Um espaço aberto enorme, íngreme, com locais mais seguros e outros completamente escarpados. Lá em baixo vê-se o mar; ouve-se o barulho da água e das aves marinhas e o único limite do olhar é o horizonte que começa lá longe onde acaba o azul do mar. Quando olhamos para trás e verificamos todo o caminho já feito na subida, reparamos num contraste magnífico de cores que nunca vi em mais lado nenhum. Vemos uma montanha completamente vermelha à nossa esquerda, outra completamente preta à direita e lá ao fundo, um castanho claro contrasta com o verde intenso da vegetação dos montes da cordilheira e com o azul, o azul do mar.
Desta vez subimos o vulcão para ir ver o pôr-do-sol. No ponto mais alto, o meu preferido, assistimos a algo que nunca tinha visto ali. Via-se sair um fumo quente do chão por buracos e por fendas. O sol estava quase a pôr-se por detrás das nuvens que se mantinham longe no horizonte. Sentamo-nos a conversar naquela língua de terra rodeada por precipícios onde mais uma vez voltei a permanecer tranquilo, mas com respeito. E o céu foi ficando de todas as cores. Do rosa, ao laranja, ao amarelo. Diversos raios do sol poente espalhavam-se por entre as nuvens dando ao céu um ar riscado de cores vivas que contrastavam também com as das montanhas. O Tó andava entretido a tapar com pedras uma das grandes fendas por onde saia fumo. Parecia que o fumo se notava cada vez mais. A minha prima Catarina, dizia que estava farta de estar a ver o pôr-do-sol e que ele estava a ir-se embora muito devagar, e eu, a Joaninha e o meu pai, estávamos mais calmos e contemplativos a tentar saborear cada pormenor. Ao escurecer ainda ouvimos um pouco o meu pai a cantar algumas músicas que gosto de recordar. Poemas que nos ajudaram a saborear o momento.
Quando começamos a descer era já escuro, estávamos todos animados. Começamos juntos a caminhar com o foco da lanterna a apontar para as cinzas do chão onde íamos derrapando. Mas o momento requeria mais liberdade e leveza. Assim, apeteceu-me deixar-me levar e comecei a correr de braços abertos pelo caminho já marcado no chão. A descida era inclinada e cada passo dado era uma incerteza, mas soube muitíssimo bem. Foi lindo. Atrás de mim vinha o Tó na mesma correria. O vento batia da cara, já fresco. É tudo tão mágico. Deve ser tão lamechas assim descrito… De seguida as brincadeiras continuaram, claro. Foi mais um fim de dia especial. Mais um ponto alto das nossas férias que quero relembrar, sempre!

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Amigo:
Começo a ser chata a comentar tudo, mas estive lá e não evito!
Como te disse, e hoje ao vermos as filmagens, este pôr-de-sol foi um dos pontos altos de todas as férias. E tornou-se mágico, graças à voz acolhedora e calmante do teu pai a cantar aqueles fados... deixou-me tão serena que percebo bem que te adormecessem em tempos... eu mesma ia-me ficando! :P
Adorei... parece que sinto neste momento o que senti na altura, espero conseguir recordar-me desse sentir sempre que precisar... bem como recordar do rir do Goofy sempre que quiser gargalhar.
Foi lindo! As cores, o mar rosa...
Vou relembrar... e lá ficar.
:)

1:30 da manhã  

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