sábado, julho 23, 2005

Pay It Forward – Favores em cadeia

Na semana passada revi um dos meus filmes preferidos. Só o tinha visto uma vez no cinema, em 2000, e sempre o quis ver de novo, um dia, sem pressas…
O filme voltou-me a tocar de uma forma incrível pela mensagem que transmite. Tanto que não consegui evitar chorar no final… Mais uma vez o filme deixou-me a pensar muito, muito…

Gostava de fazer um resumo já que o filme é para mim um grande sorriso profundo.
Trevor McKinney é um jovem de 11 anos incomodado pelo alcoolismo da sua mãe e atormentado pelo medo do seu pai abusivo mas ausente. No início do sétimo ano, é confrontado com uma trabalho intrigante do seu novo professor de Estudos Sociais, o Sr. Eugene Simonet:

“Eugene: Esta disciplina é de Estudos Sociais. Isso significa vocês e o mundo. Sim. Existe um mundo lá fora e mesmo que decidam que não o querem conhecer, vão ser forçados a isso. Acreditem em mim. Portanto, é bom que comecem a pensar sobre o mundo e o que ele significa. Que significa o mundo para vocês? […] Afinal, que espera o mundo de nós?
Trevor: O que espera?
Eugene: De ti. O que é que o mundo espera de ti?
Trevor: Nada.
Eugene: Nada… Meu Deus, rapazes e raparigas, ele tem razão. Nada… […] No entanto, olham à vossa volta, e não gostam do que é o mundo. E se o mundo… for apenas uma grande desilusão?
Colega: Estamos lixados.
Eugene: A não ser… A não ser que tirem as coisas de que não gostam deste mundo e as enfiem no rabo deles do modo como elas devem ser. […] E podem começar isso… hoje:
«Pensa numa ideia para mudar o nosso mundo – e põe-a em ACÇÃO!»
Este é o vosso trabalho. É para o ano inteiro”

E o Trevor pensa numa cadeia de favores sem retorno:















“Trevor: Sou eu. E isto são três pessoas. E eu vou ajudá-las, mas tem de ser uma coisa em grande… algo que elas não possam fazer por elas próprias. Então, eu faço-o por elas… depois elas fazem-no a outras três pessoas. Já são nove. E eu ajudo mais três…”

É um reembolso de bons feitos, não com o objectivo de receber um benefício, mas como um impulso para novos bons feitos, feitos a três novas pessoas.
Com o decorrer do filme, os esforços de Trevor para fazer os favores que ambiciona, provocam uma revolução não só na sua vida, na da sua mãe e na do seu professor fisicamente e emotivamente escoriado, mas também na de todos aqueles, completamente desconhecidos para ele, que vão formando a cadeia de favores.
Um dia, um jornalista que entrou na cadeia, o Chris, conhece o Trevor:

“Chris: Trevor, deves estar muito orgulhoso de ti.
Trevor: Não.
Chris: Não estás nada orgulhoso?
Trevor: Não sei. Acho que sim…
Chris: Vá lá, iniciaste um movimento como o favores em cadeia. Não estás orgulhoso?
Trevor: Acho que sim. Isto é, tive muito bom a Estudos Sociais. Mas foi apenas pelo esforço. As coisas que fiz não correram bem.
Chris: Estás aqui.
Trevor: Sim, mas… Não sei. Esforcei-me imenso, mas não aconteceu nada. O que a minha mãe fez deu certo. Ela falou com a minha avó. Fez as pazes com ela. Foi muito difícil para ela. Para mim foi óptimo, porque a minha avó foi à festa do meu aniversário. E eu tinha muitas saudades dela. Os favores em cadeia chegaram a esses sítios todos… por causa da minha mãe. Porque ela foi muito corajosa. O meu esforço não sei. Acho que algumas pessoas têm demasiado medo… de pensar que as coisas podem ser diferentes. O mundo não é exactamente… uma porcaria. É difícil para certas pessoas que estão habituadas às coisas como estão, mesmo que estejam mal, mudarem. E desistem. Quando o fazem, todos… Todos perdem… […] É difícil. Não se pode planear. Temos de observar mais as pessoas. Ficar de olhos nelas para as protegermos, porque nem sempre elas sabem o que precisam. É como a oportunidade de concertar algo que não seja a nossa bicicleta. Podemos ajudar uma pessoa.
Chris: É isso que queres para o aniversário, que todos se ajudem uns aos outros?
Trevor: Não posso pedir isso.
Chris: Claro que podes. Porque não?
Trevor: Não se realizaria.
Chris: Porquê?
Trevor: Já soprei as minhas velas…”

E nós, o que fazemos para mudar o que não gostamos no mundo?
Será que fazemos parte da cadeia?
Como diz Catherine Ryan Hyde, a autora do livro em que foi inspirado o filme:

“Pay It Forward is a book, but it's also an idea. It's an action plan within a work of fiction. But does it have to be fiction? We're hoping not. In fact, since the book was released in January of 2000, a real-life social movement has emerged, not just in the U.S. but worldwide. What began as a work of fiction has already become much more.”

Hoje em dia existe uma fundação que se chama precisamente “Pay It Forward Foundation”, porque existe ainda muita gente que tem a vontade de tentar tornar o mundo melhor, por mais que seja difícil e por mais pequeninos que nos sintamos. Porque a cadeia passa por nós!

[Claro que o filme é muito mais do que o que eventualmente consegui transmitir. É um grande filme protagonizado por grandes actores. Foi a segunda vez que chorei a ver um filme. Na primeira tinha 5 anos e os meus pais levaram-me para ver o Fievel, o ratinho perdido em Nova York. =) Grande abraço e não se esqueçam: “Pay It Forward!”. Eu também vou tentar =)]

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tiago!

Fizeste bem, mais uma vez, em mostrar ao teu mundo de leitores que o mundo sempre pode ser um bocadinho melhor...desde que ACREDITEMOS!!! Lembro-me perfeitamente de todos os momentos do filme que revelaste e que por sinal são mesmo os mais relevantes, pois tentam fazer-nos ver que, por vezes, não mexemos nem uma palha para ajudar os outros, o nosso PRÓXIMO...AQUELE que precisa de ajuda, da nossa ajuda...

Desde que os educadores sejam similares a Eugene e cada pessoa tenha a criatividade em ajudar os outros como Trevor tem, o mundo irá certamente ser melhor...por isso, sigamos o seu EXEMPLO!
(um obrigado à escritora, aos actores...Kevin Spacey, Helen Hunt, Joel Osment...ao productor do filme, a todos aqueles que nos mostraram esta ideia, pois desempenharam um papel espectacular..)

P.S.:Tiago, somos mesmo uns choramingas...mas não te importes, porque isso só reflecte que nos importamos com o mundo e que achámos que o filme está demasiadamente de acordo com a realidade!...

Um abraço!

2:13 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Oh, que caraças! E eu que vou com estes dois choramingas... estou feita ao bife... bem, ao menos que seja do Peter's! eheheh
Vá, mas, como sou amiga, eu ensino-vos a serem fortes e machos como homens... vêem? É um favor que faço... como são dois, já só me falta um... isto é que são dois coelhos numa só cajadada...
Beijos aos dois...
Esperem-me no aeroporto com gandes sorrisos e beijinhos, sim?
Juanita (cum pé cá outro nos Açores!).

3:15 da manhã  

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