quarta-feira, julho 06, 2005


É com um grande carinho que vos escrevo hoje sobre um momento muito especial. Muito especial para um amigo meu e, por isso, muito especial para mim. Já vos tinha dito que andava com uma grande vontade de escrever, mas tinha-vos deixado apenas fotografias. Já vos tinha falado da festa que andámos a preparar, mas tinha deixado tudo em aberto. Certo foi que os dois últimos fins-de-semana foram cheios de momentos marcantes e inesquecíveis.
Eu explico porquê. Faz mais ou menos uns 6 anos que conheci um jovem um pouco mais velho do que eu e que sempre considerei um grande amigo. Lembro-me que o conheci com o seu sorriso e a sua alegria pouco antes de fazer o meu Crisma. Ele estava frequentemente connosco nessa altura e foi pouco tempo depois que chegou o período de férias de verão. Quando eu andava a fazer os exames nacionais e ele andava a tentar a convencer-me a ir a um acampamento em Montariol [Braga]. Eu só podia ir ao acampamento se fizesse os exames todos na primeira chamada e ainda não tinha a certeza se o consegui-a fazer. Recordo-me do animo que ele me dava e de quando dizia que é sempre tudo possível quando se é jovem e se tem fé. E realmente foi verdade. Eu nem tinha muita vontade de ir a um acampamento cheio de pessoas que eu não conhecia bem, mas como consegui fazer os exames todos na primeira chamada, ele lá acabou por me convencer, juntamente com outro amigo nosso.
E foi um acampamento mais do que especial. Um acampamento inesquecível que será relembrado para sempre por todos os que fomos. Ainda hoje tenho fotografias lá tiradas no meu quarto. Foi nesse acampamento cheio de amizade, de diversão, de brincadeiras, de aventuras, de sentido e também cheio da presença de Jesus, que se formou o meu fantástico grupo de jovens a que viemos a dar o nome de 3Nós e do qual ele também fez logo parte.
Éramos uns jovens sonhadores em crescimento [como aliás ainda hoje o somos] e foi ele um dos Nós que ajudou a tornar o grupo, no grupo de amigos coeso e cheio de actividades que somos hoje. No início, sei que era ele e o Paulo que nos mantinham unidos. Sem eles sei que nos teríamos dispersado no meio das nossas vidas atarefadas. A toda a hora eles eram incansáveis no estímulo que nos davam, na boa disposição, nas aventuras que nos proporcionavam e no bom exemplo que nos davam. Em parte, foram eles que nos ajudaram a descobrir novas mensagens que nos movem hoje, que a vida em grupo é possível e que é tudo mais fácil quando se trabalha para um mesmo objectivo.
Claro que para mim ele foi uma referência. Nunca o disse, mas também acho que não era preciso. Ele sempre foi aquele amigo. Senti sempre que me dava valor pelo que eu era, pelo que o que eu sentia, pelo meu empenho no que fazia. Sempre senti que ele acreditava em mim, mesmo nas alturas do meu crescimento em que se calhar nem eu acreditava. Nele, sempre vi também o empenho, a vontade de estudar e de aprender, e uma entrega enorme da sua vida aos que o rodeiam: aos familiares, aos amigos, aos desconhecidos. Sempre o vi com um sorriso, a cantar, divertido, com uma palavra amiga e de incentivo.
E foi assim que os momentos que passamos juntos em grupo se foram multiplicando. E são tantos aqueles que relembro… Como quando nos encontrávamos todas as semanas no Centro; quando íamos de 15 em 15 dias à Horta Nova tentar animar as crianças; quando começámos a refazer o jornal da nossa paróquia e a vende-lo no final de todas as missas; quando íamos passar fins-de-semana fora para as nossas casas da terra; quando participávamos nos Festivais Vicariais da canção nos quais, ano após ano, nos mantínhamos no 8º lugar; quando começámos ir a Fátima passar fins-de-semana em contacto com outros jovens que, tal como nós, acreditam que o exemplo de Jesus aplicado aos nossos dias, pode ser o melhor ponto de partida para sermos mais felizes; e, acima de tudo, quando fazíamos os nossos momentos de oração em que nos aproximávamos ainda mais de Jesus. Momentos fantásticos pela forma como eram sentidos, pela forma como partilhávamos os nossos sentimentos, pela forma simples que eram feitos e pelo seu significado. Acho que cada vez percebíamos melhor que nós, jovens dinâmicos que somos, não podemos ficar parados. Começámos a sentir juntos uma vontade cada vez maior de sermos mais e melhor. Tínhamos consciência de que estávamos a crescer como pessoas e na nossa fé.
Foram muitos sorrisos vividos em conjunto, muitos sorrisos trocados, muitas situações que nos marcaram e que nos ajudam a crescer.
Nos últimos anos ele tem estado a estudar em Roma, a fazer o seu Mestrado e o seu Doutoramento. Vamos falando pelo Messenger; ele é um escritor fixo de uma das rubricas do nosso jornal e encontramo-nos sempre nos períodos de férias.
Mas este ano houve algo diferente. Como nós, ele está também a percorrer o seu caminho e à dois fins de semana o Frei Bernardo, o meu grande amigo, foi ordenado Padre nos Jerónimos.
É claro que, como podem imaginar, quer para ele, quer para Nós, foi um grande motivo de festa! É uma grande etapa no caminho da sua vocação que ele torna tão bonita. Foi por isso que primeiro se organizou uma grande vigília em que cada grupo de amigos do Bernardo lhe preparou um momento especial e que, neste último fim-de-semana, se preparou um super-festa para umas 150 pessoas, depois da primeira missa que ele celebrou e na qual eu também participei.
Foram muitas horas dedicadas e correu tudo muito bem. Toda a gente gostou imenso. Acho que foram mais momentos que nos vão marcar para sempre. É visível a felicidade estampada no rosto dele. Espalha-se por todo o lado, sente-se. Foi um orgulho ter sido convidado para acolitar ao seu lado na missa-nova; ter levado a toalha para ele secar as mãos enquanto sorria. Foi com carinho que ouvi as suas palavras que nos relembraram a todos. Foi cheio de sentimento que li na vigília, quase no final do momento que preparámos e a tremer da mão esquerda, um bocado do texto escrito pela Joaninha e que transcrevo de seguida depois de relembrar tantos momentos nossos:

“Hoje sei que a nossa, e que a minha, caminhada não está no fim! Ela começa e renova-se diariamente, sempre que me sinto chamado a amar, a estar e a cativar o próximo. Hoje sei que a vocação passa por muitas e diferentes etapas de pessoa para pessoa. E é isso que nos enriquece enquanto grupo e enquanto comunidade. Não somos todos chamados para a mesma vocação e para o mesmo caminho. Esse caminho de Amor, Justiça, Fraternidade e Fé pode ser vivido em casa, nos nossos empregos, na escola, na família, no metro e em cada canto desta cidade, deste mundo atarefado. Basta pormo-nos à escuta, pois não fomos nós que O escolhemos! Foi Ele que nos escolheu!
Meu Deus! A ti entrego-me para um serviço de Amor…”

São estes os sentimentos que estão por trás dos nossos rostos felizes nas fotos que deixei.
Obrigado Bernas pelo teu testemunho, pela forma como olhas para a vida com um sorriso, pela força com que segues a tua vocação, pela tua fé, pela tua amizade!
Porque, como ouvimos dizer no domingo, pode ser muito bom ser importante, mas é muito mais importante ser-se bom!
Estarás sempre nas minhas orações!
Aquele Abraço! Posted by Picasa

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Tiaguito:

O Bernas é o Máior!!
É bom ser-se grande como ele é.
Têm sido uns dias em cheio. Nunca pensei viver estes momentos que são do Bernardo com tanto entusiasmo, alegria e tão nossos, também.
Ele é um amigão que faz sensação.
É bom estarmos felizes por ele, mas principalmente, com ele, e com Ele.

"EU ACREDITO" que "haja o que houver" estaremos sempre juntos em Cristo.

O 3NÓS É FIXE E O RESTO QUE SE LIXE!!!!!! ;)

Beijinho grande, sorriso maior!

3:25 da tarde  

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