quinta-feira, agosto 11, 2005















“Diz a lenda que, um dia, um Velho e experiente caçador de baleias partiu para a sua última caçada. Mas, nessa vez, o Velho saía para arpoar um enorme cachalote que era costume avistar-se ao largo da ilha do Faial. Ao fim de vários dias, finalmente, o duelo aconteceu. A luta foi terrível e nenhum ser vivo poderia adivinhar quem iria vencer… Ninguém sabe ao certo quanto tempo durou a disputa. Mas conta-se que o mar acabou por envolver os dois contendores, já desfalecidos.”

Peter Café Sport

Hoje, no mar dos Açores, já não existem caçadores de baleias, mas todos os dias continuam a sair barcos para o mar. Os arpões foram substituídos por câmaras de filmar e por máquinas fotográficas e continua assim a celebrar-se algo fascinante: o encontro entre o Homem, a Baleia e o Mar… Hoje, um encontro mais respeitoso e contemplativo. Não um duelo, mas uma passividade e um sentimento enorme de grandeza, de admiração e de fascínio, enquanto as observamos a descansar e a respirar calmamente, ao lado delas, até ao próximo mergulho. Nesse momento, despedem-se de nós com o melhor presente que nos podiam dar. Um cumprimento, talvez uma adeus terno, quando devagar nos mostram as suas enormes caudas que acabam por desaparecer no mar.
E foi para terminar assim em grande que no último dia antes da Joaninha partir, fomos ver baleias. Pensávamos que íamos de manhã e levantamo-nos às 7h mesmo depois da noitada que tínhamos acabado de finalizar. Estávamos meio ensonados, talvez ainda um pouco tontos, mas a vontade de sair para o mar era mais forte. Por acaso, e talvez por sorte nossa, ainda não tinham avistado baleias nas vigias, pelo que decidimos alterar os planos e sair para vê-las apenas ao fim do dia, às 5 da tarde. Íamos ver baleias, golfinhos e o pôr-do-sol para o mar! E assim foi… E foi tudo tão espectacular. Foi tudo tão grandioso e tão perfeito... Nunca tinha visto tantos cachalotes juntos. Nem sei ao certo quantos vimos ao todo. Uns 10? Talvez apenas 8… Não me lembro. Só me lembro do nosso entusiasmo contagiante, de ouvir o som das suas respirações fortes, dos repuxos que fazem ao expirar, dos seus movimentos suaves e da imagem do corpo deles a deslizar na água antes de mergulharem. Tenho tanta pena que não se possa mergulhar… Tivemos também com golfinhos pintadinhos bem perto do barco. E quando a excitação começou a passar e começamos a ficar mais contemplativos, começou também o sol a pôr-se… Estávamos a sul da ilha do Pico e conseguíamos ver todo seu topo limpo. O sol escondia-se por detrás das montanhas e a lua aparecia à nossa esquerda. O céu foi mudando mais uma vez de cores e encontramos mais um cachalote adulto e uma cria que nos disseram que estava a mamar. Eu estava sentado no flutuador do semi-rígido com um pé dentro de água que estava a uma temperatura espectacular. As cagarras sobrevoavam a superfície do mar que se reflectia nas suas barrigas brancas e as estrelas começavam a ver-se no céu. E assim ficámos deliciados com tanta beleza junto das baleias enquanto o dia terminava. Foi talvez o pôr-do-sol mais bonito que vi. Pela magia do momento, pelo local, pela companhia…
Quando já estava completamente de noite retomamos a viagem ainda longa de volta para o Faial. Deixamos as baleias na sua paz e fomos acompanhados pelas cagarras que numa grande parte do percurso ainda foram voando ao nosso lado. Vim a maior parte do tempo a cantar, embora ninguém tenha ouvido por causa do barulho do barco e do vento que nos batia de frente na cara. Vim a agradecer toda esta grandeza da Natureza e por mais esta oportunidade… Quando chegamos já eram cerca de 10:30 da noite. Tínhamos toda a família à espera para jantar um bacalhau e uma lasanha que estavam divinais. Não nos despachamos a tempo de ir ver o concerto dos The Gift, mas ainda fomos sair. Primeiro para os finalistas e depois para a discoteca. Foi mais uma noite completamente ganha. Foi tudo em grande como o mar e as baleias…

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

E por falar em momentos altos...
Nestas férias, Deus claramente escreveu direito em linhas tortas!!
Mas que final de dia...
Momentos únicos como nunca tinha vivido: primeiro a excitação de ver os golfinhos, depois a sorte e a oportunidade de ver de tão perto e tantos cachalotes! Qui Lindo!
E o pôr-do-sol! Aí pensei "não mereço tanta perfeição". Aproveitei para a contemplação e para a oração! Agradeci muito a Deus todas as férias na vossa companhia e todo aquele momento tão cheio de um sorriso grande, profundo e rasgado que estava a sentir! Até me esqueci do frio! Soube-me bem sentir aquele vento, àquela velocidade!, que Deus me estava a oferecer... para que respirasse fundo e contemplasse a Sua obra. Para pensar como é bom viver amizando. Aproveitei para rezar muito e pedir pela serenidade e justiça nas nossas famílias! Obrigada, meu Jesus, por me permitires tão cheia e grandiosa viagem em que contemplei a Tua obra. Cresci, sorri, gargalhei, dancei, chorei, cantei e aprendi tantas coisas novas. Tão bom. Obrigada, Senhor!
Agradeço também o amigo que tenho no Tiago que me proporcionou estes momentos (já que ele não acha que tenha que lhe agradecer!). E claro o amigo que tenho no Tó e em todos os que me acarinharam.
Foram AS férias... que, havendo possibilidade de acabarem bem (oh, não! Acabaram! Snif), acabaram em beleza! Muito bem, mesmo!
Ehehe Safarê!
GMV (em tudo o que é lado)!
BEIJOS
Ser faialense! :P

...É que ainda por cima vim bronzeada!...

1:58 da manhã  

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