sexta-feira, setembro 23, 2005















Quando esta semana nos reunimos em grupo, o Tó propôs-nos algo bastante diferente. Deu-nos folhas e canetas para as mãos e pediu-nos que víssemos com atenção uma série espantosa de fotos de golfinhos e de cachalotes que a Susana nos enviou há dias, directamente dos Açores. O objectivo era tentar encontrar nos golfinhos, comportamentos, atitudes e formas de estar que pudéssemos tomar como exemplo para nós, nos nossos dias. As folhas eram para escrevermos e desenharmos o que nos apetecesse na altura.
Vi as fotos com um sorriso, desenhei uns rabiscos tontos que pendurei no meu quarto e escrevi, ou tentei escrever, tudo o que recordei e que senti:

“Ao ver estas imagens só me consigo relembrar de alguns momentos únicos e irrepetíveis que vivi… Relembro algo mágico; algo que na altura nos excita e que nos faz esboçar um sorriso constante, que nos faz sentir mais cheios, felizes e completos. Relembro aqueles momentos que vivi envolto num azul enorme, em tardes solarengas, rodeado destes animais espectaculares…
Quando menos esperamos, começamos a vê-los ao longe no horizonte. De início distinguimos somente pequenos pontos negros que surgem e desaparecem ininterruptamente, mas que já nos começam a fazer levantar na ânsia de os conseguir ver melhor, de sentir de perto a energia e beleza dos golfinhos. Quando enfim chegamos, deslumbramo-nos com os seus corpos que se espalham e espelham pela superfície do mar e é com o corpo aos pulos que só pensamos em entrar na água. Num contraste de sensações fazemo-lo calmamente, com o mínimo de barulho, para não os assustar. Num silêncio que seria impossível se deixássemos o nosso contentamento gritar. E é no momento em que colocamos as cabeças debaixo de água que tudo se volta a transformar de uma forma ainda mais fascinante, de uma forma ainda mais sublime. Um azul indescritível e profundo, enche-se dos seus sons que parecem surgir por todo o lado, como se estivéssemos a ouvir crianças a gritar, como se estivessem a cantar e a brincar. Os seus corpos vêem-se agora a deslizar rápido no mar e, enquanto nadam organizados, numa velocidade que só percebemos enorme quando passam mais perto de nós, fazem com que os peixes formem nuvens enormes e flexíveis à sua passagem. Todos juntos parecem entrar num baile a três dimensões, nadando em espiral e trazendo os cardumes até à superfície. Nessa altura, milhares de peixes que nadam em todas as direcções e desorganizados tentam proteger-se por baixo dos barcos e por baixo de nós... E é então que o nosso coração fica aos pulos quando deixamos de conseguir ver o fundo azul. Os peixes já assustados, deixam de ter medo de nós e passam a usar-nos para se protegerem, enquanto os golfinhos continuam de olho prontos a caçar e sempre a brincar, a sorrir, a aproximar-se e a afastar-se de nós, carinhosos, curiosos, enérgicos. Até que surge o momento em que deixamos de saber para onde olhar. Em cima de nós, enquanto os vemos, começam a voar cagarras que mergulham ao nosso lado também para caçar. Vemos o mar rasgado pelos seus bicos que embatem fortemente nos peixes desorientados. E ali permanecemos, completamente alucinados e embriagados em tanta beleza, em tanta agitação que ao mesmo tempo consegue trazer tanta tranquilidade e transparecer tanta delicadeza…
É no meio desta simplicidade que somos levados a contemplar todo este ciclo que é tão perfeito. Dou por mim a rever a forma como olhamos para o mundo, para a Natureza e de como a respeitamos. Nessas alturas, passamos a dar mais valor a todo aquele mundo mágico do fundo dos oceanos que nos fascina e que desconhecemos e que os golfinhos nos levam a querer conhecer mais e melhor. Um mundo azul profundo onde não conseguimos chegar; um mundo em que conseguem tornar a comunicação mais fácil; um mundo de convivência, de toque, de atenção, de amizade e de boa disposição. Um mundo que traz liberdade de pensamentos e movimentos…
E o que podemos aprender com eles? Acho que nos ensinam de uma forma tão simples a dar mais atenção uns aos outros; como interagir e viver em grupo e em comunidade para que seja mais fácil sobreviver e vencer; como é importante o toque como forma de expressar sentimentos; como é importante interagir e respeitar, sendo amigos e protegendo, mesmo quem é diferente… E tudo isto, sempre num espírito alegre e brincalhão…"
São os animais que mais sorriem, e com sorrisos tão profundos…
Os golfinhos são os sorrisos que vêm do azul profundo do mar e que saltam ao nascer-do-sol para os espalharem…

Obrigado meu Deus por esta Natureza tão perfeita e pelos golfinhos a quem ninguém que sente amor fica indiferente!

[E como a Mariana escreveu na minha folha: “Para os golfinhos não vai nada, nada, nada?? TUDO!”]

3 Comments:

Anonymous Anónimo said...

LINDO!!!
Senti-me, por momentos, nos Açores!!! Grande descrição maninho!! que saudades!!!
Para o ano não posso faltar!! ehehe
bejinhos enormes

11:03 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Eu bem sei o q isso é...q saudades!
Obrigada por me fazeres viajar até ao mundo dos golfinhos =)
Bjinho gde,
mary =)*

6:11 da tarde  
Blogger Joana Marto said...

Está muito bonito este texto! Consegues pôr a passar um filme nas nossas cabecinhas com estas imagens inesquecíveis e marcantes!
O efeito inebriante e encantatório que estes seres criam em nós elevam-nos ao sonho... trazem a saudade! Palavras muito bonitas, mágicas e sonoras... tal como eles...

Obrigada Ti. Obrigada Tó!
***
Love pinguins :P

11:55 da tarde  

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