terça-feira, outubro 04, 2005



















Penso que já faz 14 ou 15 anos, se não mais, que comemoro todos os anos o dia 4 de Outubro de uma forma especial. É para mim um dia cheio de diferentes significados: o dia de anos do meu grande amigo Bernardo; o dia de São Francisco de Assis e o dia mundial dos animais.
Quando era pequeno comemorava-o de uma forma diferente da actual, um pouco por tradição talvez. Andava num colégio de frades Franciscanos e costumávamos juntar todo o colégio numa celebração, ou a ver um filme sobre a vida de São Francisco que acho que acabei por ver mais de cinco vezes. Tínhamos também menos aulas e muito mais actividades desportivas. Era uma forma engraçada e saudável de festejar.
Acho que surgiu nesses dias a admiração que sempre tive por este Francisco. Nunca por imposição, longe disso, mas precisamente pela coragem e ousadia que ele teve em ser diferente. Diferente de uma forma fechada de estar no mundo, diferente de uma forma materialista de o olhar, diferente de uma sede de poder que não se justifica. Admiro a forma como se despojou de tudo o que tinha, por algo que merece muito mais atenção e que tem muito mais valor. Algo que não se aprende em livros, nem numa graduação ou pós-graduação, nem em negócios ou estratagemas; algo que o envolve a ele, a mim e a ti: o valor das pessoas e das relações, a noção de respeito e de partilha, a vontade de querer ser melhor com os outros e não sobre os outros. Na saúde e da doença. Porque tudo só tem cada vez mais sentido nos nossos dias porque não estamos sós, porque temos quem nos ama, quem nos olha, quem nos rodeia…
E tudo isto tinha São Francisco na sua simplicidade. A simplicidade de quem consegue chamar irmão ao sol, à relva e a todos os animais. A simplicidade de quem consegue olhar o mundo como um todo. Uma vida numa pobreza de abdicação ao prescindível, mais do que uma renúncia material; uma vida em pureza ou sintonia em relação ao que nos rodeia; uma vida de obediência ao que diz o coração, e não uma vida em conformação.
E é por ele também que este dia é o dia mundial dos animais. É também por ele que criámos o hábito de fazermos presépios no Natal!
Hoje em dia, esta admiração que sinto é mais forte do que quando era miúdo, claro. Penso que se percebe nas minhas palavras. Não penso demais nela, mas sinto-a. Consigo dar mais valor às histórias que ouvi contar, ao mesmo tempo que conheço melhor o seu caminho e consigo fazer uma interpretação dos seus passos mais consistente e útil para mim. Foi decerto uma grande pessoa: arrojada e com um enorme coração.
E é com esta certeza que comemoro este dia actualmente. Uma certeza que penso que partilho com o meu amigo que é um outro grande motivo de comemoração, o Bernardo. Ele foi uma das pessoas que mais me deu a conhecer este senhor a quem hoje chamamos de santo e, por coincidência, ou não, comemora o seu aniversário neste dia. Tem sido também entre nós, com a sua alegria, força e simplicidade, um pouco do exemplo que São Francisco, definitivamente, é. Sempre com uma palavra amiga e de incentivo, sempre inspirado e também brincalhão, marca também a diferença entre nós, pela forma como nos cativa e nos ilumina. Um amigo feliz e que nos faz também mais felizes e cheios.
Como tem acontecido todos os últimos anos, mais uma vez nos juntámos todos com ele para festejar, não esquecendo de recordar um pouco o nosso amigo Francisco. Desta vez a festa começou no seminário e continuou ao pé do Tejo, numa noite calma e tranquila, com todos animados a comer, a cantar e a brincar. Foi uma noite linda, cheia de uma coisa essencial: a amizade que sentimos entre Nós!
As prendas que oferecemos também ficaram lindas. Adorei sentir a reacção dele. Mais uma vez valeu a pena dormir apenas umas 4 horitas na noite anterior!
Quando o que nos move é o bem-querer e a dedicação a quem gostamos, os nossos pequenos esforços nunca são em vão. De certeza que faziam muito mais por nós! =)

Paz e Bem!

[Bernas! Tu rasgas-nos todos! Adorei a festa e adorei que tivesses adorado as prendas! Grande Abraço!]