sexta-feira, maio 27, 2005

Não basta abrir a janela

Na vida não há nada mais bonito do que acordar e ver o sol a brilhar.
Nada mais bonito do que ouvir os pássaros cantar e sentir o cheiro fresco da terra molhada.
Nada mais perfeito do que andar descalço, do que dar um mergulho no mar azul profundo, do que ouvir o barulho dos golfinhos, do que jantar com os amigos a olhar para as montanhas quando o sol se põe e a lua se levanta e se reflecte no brilho dos nossos olhos.
Nada mais profundo do que estar deitado na relva no fresco da noite a ver uma chuva de estrelas cadentes e a cantar. Cantar com os amigos músicas que marcam momentos e que todos sabemos decor.
São tantos momentos mágicos e tão simples.
É preciso ter a clareza para saber apreciar o que de mais belo temos em nosso redor. É preciso sorrir com franqueza, viver os momentos, sonhar com o futuro e não olhar fixamente aquilo que nos faz magoar.
É deixar respirar o ar puro. Olhar com os olhos de quem sabe ver o melhor nos outros. Ouvir com os ouvidos de quem sabe respeitar. Tocar e ser tocado pela certeza de que as pessoas que nos são especiais não nos tratam com superficialidade, mas procurando ser verdadeiras. É saborear o mundo com a vontade de abraçar o que de bom ele tem...
Não basta abrir a janela
Para ver os campos e o rio.
Não é bastante não ser cego
Para ver as árvores e as flores.
É preciso também não ter filosofia nenhuma.
Com filosofia não há árvores, há ideias apenas.
Há só cada um de nós, como uma cave.
Há só uma janela fechada e todo o mundo lá fora.
E um sonho do que se poderia ver se a janela se abrisse
Que nunca é o que se vê quando se abre a janela.

Fernando Pessoa
Hoje senti vontade de escrever desta forma em homenagem a todos os que procuram viver a vida pela intensidade das suas coisas simples e que sabem que é nelas que descobrimos todos os nossos sorrisos, mesmo os que estão escondidos.
Beijinhos a todos! =)