terça-feira, agosto 30, 2005

Uma história limpa

“Nas páginas de um caderno de capa negra que sempre me acompanha (na realidade, uma Moleskine), anoto as minhas dúvidas, os meus assombros, os acasos de cada dia. E também pequenos artigos, capítulos de romance, contos, receitas de cozinha, declarações de intenção e compromissos de que geralmente me esqueço. Ao folheá-las durante a breve cerimónia de adeus que antecede a inauguração de um novo caderno, leio o que está escrito […] Folheá-las é rebobinar a vida e vê-la fugazmente, fotograma a fotograma”
Luis Sepúlveda
Uma História Suja

Foi o que hoje me apeteceu fazer. Vasculhar os meus ficheiros e procurar, onde guardo textos e conversas com amigos, pequenas partilhas dissolvidas no tempo, de um tempo que me marcou, que me mudou e que me fez crescer. É por isso que acho que pertencem também ao final de outro volume ou de um outro capítulo, mas de uma história limpa. São partilhas que se tornaram em momentos de transição. Talvez, dum ponto de vista mais aberto, um prólogo que descreve momentos que sinto que me tornaram mais confiante e mais seguro. Tempos pouco distantes, de descanso e de férias, em que achava que a minha vida dava para inspirar um guião de um bom filme por tudo o que estava a acontecer nela em simultâneo. Tempos únicos em que descobri realmente a importância de falarmos de nós mesmos para nos percebermos; de nos darmos a conhecer para conhecer o mundo. Tempos em que me apercebi realmente que quando falamos de nós com amigos que nos escutam, sem preconceitos e sem o medo de nos expormos, encontramos neles, quando os ouvimos de volta, tantos mais pontos em comum, tantos sentimentos que nos fazem sentir mais iguais e mais próximos. Foi quando comecei a perceber melhor as minhas inseguranças que, aos olhos de quem nos vê, parecem sempre tão mais pequenas. Foi quando percebi melhor que todos os outros as têm também, de uma forma distinta, mas sempre fragilizante…
E foi nestas trocas e ao sentir todo o carinho e força que recebia constantemente de quem me ouvia, em parte como reflexo do que sou, que aprendi a gostar, aos poucos, também mais de mim. Hoje acho incrível como consegui ultrapassar a maioria dos medos que mais vezes enunciava; como percebi que tinham pouco sentido; como são coisas que só vemos aumentadas no interior do nosso eu que todos temos de deixar abrir.
Foram esses tempos que acompanharam a criação deste nosso Blog. Tempos que devo a muitos amigos e, em especial, a um “que era mas não era” e que hoje relembrei em particular. Tempos que um dia descrevi como o meu ponto mais alto de realização profissional e pessoal. Profissional, talvez por acaso, e pessoal, como reflexo do que referi. Tempos que tenho permitido que continuem e que me fazem ser ainda mais feliz e ter uma vontade cada vez maior de me dar.
Mesmo de perto, consigo olhar para trás e perceber como tudo foi rápido. Foram tantos sorrisos enormes nesta evolução constante que é a nossa vida, que têm continuado e que me levam a olhar para tantas coisas com os memos olhos de antes, mas com a visão de agora. Tantos sorrisos que ao mesmo tempo, por vezes, espero que nunca me mudem demais, para que consiga atingir aquele equilíbrio que todos os dias espero encontrar, no exemplo d’Ele…

[E pronto, foi isto que me saiu do momento em que relembrei tantos sorrisos profundos… Não sei o que é. Um pouco de uma história minha em que vocês também são personagens e que marcou o final do meu curso. Uma etapa do meu crescimento convosco. As minhas impressões que eventualmente poderão ser diferentes num amanhã. Ou apenas um texto escrito num momento mais pensativo ao som de uma música calma…]

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

:):):):):)
=)=)=)=)=)
bj bj bj bj

11:17 da manhã  

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