terça-feira, junho 14, 2005


Hoje dei por mim de novo a pensar no sentido da vida… Às vezes parece que é tudo tão passageiro e tão repentino. O tempo passa e com ele ficam para trás inúmeros momentos que se não tivermos cuidado de saborear, nos escapam como a areia escapa entre os dedos de quem a tenta segurar com as mãos. Nunca sabemos bem o que nos espera amanhã. Basta uma palavra; um momento; um olhar, para parecer que tudo muda de rumo e que nunca mais se pode encontrar o mesmo sentido. Parece que a qualquer altura podemos perder a corda que nos guia e começar a descer monte a baixo tão rápido que quase descarrilamos, como quando as nossas pernas parecem não conseguir acompanhar mais a velocidade da corrida. Acontece tantas vezes pensar em tudo isto quando conhecemos histórias que nos soam menos felizes, quando tomamos consciência que há coisas que podem vir a acontecer também connosco e que parecem fechar as pessoas em caves húmidas e escuras…
Mas acho que nestas alturas, quando somos rendidos por estes pensamentos, não nos podemos sentir pressionados. Não podemos ficar limitados. Temos sim de aproveitar os dias que nos sorriem e não viver demais os pequenos problemas que por vezes nos perseguem. E se fossem piores? Se nos limitassem completamente?... Claro que por serem problemas nossos têm toda a validade. São coisas que nos perturbam e que magoam, são chatos, enervantes. Claro que é indispensável olhar para eles e reflectir para os perceber e ultrapassar, mas não podemos deixar que nos tapem os olhos, que sejam como as nuvens que nos tapam o sol. Não o podemos deixar mesmo que por vezes seja difícil ter a força que o vento tem para as dispersar. Não podemos olhar mais para esses problemas do que para a imensidão de coisas que nos sorriem a cada esquina. E sorriem tanto mais quanto mais sorrimos para os outros. Sorriem tanto mais quanto mais sorridente tornamos o mundo de cada um que nos rodeia. É como se fosse um ciclo, uma reacção em cadeia. Porque se vivemos no mundo com mais gente, é porque temos de ser mais uns para os outros e encontrar nessa partilha a alegria de viver cada dia, cada segundo, cada momento. Porque só somos felizes quando vivemos também para os outros. Só somos felizes quando damos e sentimos carinho, quando falamos aos amigos o quanto eles são importantes para nós e quando eles nos respondem de volta, quando amamos e nos sentimos rodeados de amor. Quem é que se sente feliz sozinho e sem amor? Tenho a certeza de que quanto mais damos, mais recebemos. Eu sinto-o. Tudo isto começa por nós próprios. É só sermos nós a começar a sorrir, a começar a ajudar, a começar a dar uma mão. E basta faze-lo nas alturas em que nos sentimos mais fortes.
Temos de viver os momentos e torna-los especiais para nós e para os outros, tentar torna-los momentos inesquecíveis. Tentar marca-los com sorrisos profundos. Parece que só assim é que podemos dar sentido a esta vida que por vezes, como hoje me aconteceu, parece passageira e repentina. Temos de ter fé, força e acreditar que não vivemos rodeados de pessoas iguais a nós só por viver, que não passamos o nosso dia-a-dia só por passar, que não conseguimos esboçar um sorriso só por esboçar. Temos de lutar com os dons que temos, ajudar os que tropeçam e dar colo aos que caem. E é também isso que podemos dar em troca àqueles a quem parece que a vida enfiou na cave escura. Temos de pintar a vida com as cores mais alegres e dar-lhe o valor que ela merece. A vida: um presente, uma oferta, a nossa matéria-prima…

[O mais importante é sorrir: “Eu não sei, mas desconfio que mesmo a rocha mais dura me sorri, se eu lhe sorrio” (A. Correia de Oliveira)] Posted by Hello

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

O que é que um puto como eu vem para aqui escrever?
De vez em quando vejo o teu blog, e achei realmente este post interessantissimo!
Parece-me que tiveste exactamente os mesmos pensamentos que eu tive/tenho.
"Só somos felizes quando..." damos e recebemos carinho. Tirei esta frase das aspas, para dar mais enfase :P
Sinto isso com os "meus" miudos da catequese. Chego a sentir que, tambem para eles, aquelas hora por semana onde falamos de Jesus, e onde podemos parar um pouco das nossas semanas diferentes e partilhar os momentos mais engraçados, ou os nossos problemas.
Eles próprios dao soluçoes aos meus problemas!
E, posso dizer que sou feliz!... mas tambem o sou com os amigos, e com muita gente, mas esta é das poucas felicidades que posso descrever!

Este texto saiu assim um bocado estranho, talvez nao tenha muito geito para estas coisas! ( Prefiro tocar orgão :) )

Um abraço,

André

10:30 da tarde  

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