quarta-feira, março 16, 2005

O Silêncio…

Ás vezes na nossa vida tudo parece confuso e não sabemos que rumo havemos de tomar.
As nossas inquietações parecem que persistem, ocupando-nos todo o pensamento.
A toda a hora, em todos os instantes…
Não sabemos como nos nortear.
Não sabemos que conclusões podemos tirar ou como reagir.
Não sabemos se é melhor meter um travão ou arriscar.
Não sabemos se devemos desistir ou continuar a lutar.
Não sabemos se havemos de continuar a alimentar as esperanças…
São momentos em que parece que a bússola deixa de indicar o norte e que as teorias se desvanecem… Momentos em que deixamos de ter a certeza se uma maça vai ou não cair quando a largamos no ar…
Nessas alturas penso que temos de parar um pouco. Começar por nos abstrairmos do mundo com algo que nos distraia ou desabafar com um amigo, para depois, com calma, podermos pensar e reflectir refugiados no nosso silêncio.
Um silêncio que temos de escutar para percebermos o que está escrito no nosso coração e para o transcrevermos em acções mais puras, mais sinceras e mais justas connosco e com os outros, respeitando-os pelo que são e como são. Se possível um silêncio de mãos dadas a Deus.
Temos de reconhecer e saber ouvir o nosso silêncio de uma forma reflectiva e não egoísta para sermos autênticos e para nos sairmos e sentirmos bem.

E a respeito destas palavras, encaixa-se perfeitamente um poema que agora deixo para recordar:
Escuto mas não sei,
Se o que oiço é silêncio
Ou Deus.

Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita

Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco

O som do silêncio ressoa de forma ininterrupta.
A questão é se nós, enquanto instrumento, estamos suficientemente afinados para que o seu eco ressoe em nós, e nós possamos escutá-lo.
Sophia de Mello Breyner

Uma força especial para quem se possa rever em parte ou num todo neste post de hoje.
É um sentimento tão nobre estarem confusos… Só se sente confuso quem gosta, quem ama e quem olha para as coisas com a seriedade com que elas merecem ser vividas.

Beijinhos e Abraços grandalhões!