sábado, janeiro 08, 2005

As partes do TODO!!! (para quem tiver coragem de ler)

No geral, a maioria das pessoas tem a noção de que o TODO é constituído por partes. No entanto, no dia a dia, poucas vezes se pára para pensar e reflectir sobre a importância das partes que o formam e se é necessário ou suficiente existirem algumas das partes, ou mesmo todas elas, para que o TODO tome forma e se pronuncie.
Para o tentarmos perceber de seguida, é preciso porém que haja um consenso em relação ao que são as partes e em relação ao que é o TODO.
Talvez seja melhor começarmos então por definir o TODO, dado que engloba as partes que podem ficar assim simultaneamente definidas. Foquemo-nos no conceito de “TODO” abordando diferentes visões a respeito do mesmo, pois se nos guiássemos somente por um dicionário comum, ficaríamos com a ideia de que o TODO é apenas “uma soma de partes”, o que creio que é uma visão extremamente redutora e insuficiente.
Olhando de uma forma mais absolutista, como aliás fazia Platão, podemos mesmo dizer que o TODO é um “ser” único, absoluto e imutável. Contudo, por outro lado, numa visão arquitetónica, por exemplo, Ernest Nagel já diria que o TODO é apenas “algo” que possui uma extensão espacial e que incontestavelmente terá de ser tridimensional.
Mas não. Nenhuma destas definições parece conferir a importância que o TODO tem e nem sequer permitem definir o que são as partes!
Talvez possamos ficar mais próximos de um conceito geral se dissermos ou assumirmos que “um TODO é as partes de um arranjo bem definido... com as suas actividades e funções” (Smuts), “devendo haver uma ideia dominante no agrupamento das partes” (Viollet-le-Due). Ou seja, “um TODO não é uma mera soma de partes... e todas as partes que constituem um TODO devem ser conectadas, arranjadas e relacionadas” (Edward de Zurko).
Realça-se assim a necessidade absoluta de todas as partes para a construção do TODO, mas não da sua suficiência, pois entre as partes tem de haver também uma conecção e relação determinada que, caso falte, impede a formação do TODO.
Desta forma o TODO revela-se um fenómeno complexo, composto por elementos heterogéneos, que é unificado por um principio estruturante. “Uma mudança das partes principais equivale a alterações do TODO” (Steiner). É como se o TODO fosse um organismo em que cada parte é um dos seus órgãos vitais!
Deve faltar apenas dizer que o “TODO deve ser influenciado pelo seu contexto e o seu contexto também pelo próprio TODO” (Smuts), pois o contexto afecta a interacção das partes e as próprias partes, e a interacção das partes e as partes, por sua vez, afectam também o contexto. Desta forma, o contexto não deverá ser sequer algo diferente e adicional ao TODO, mas sim a sua continuação para além dos seus contornos sensíveis à experiência. O TODO “existe assim na consciência colectiva” (Murakovsky) e deverá mudar com o tempo, o que no meu ver poderá ser uma quarta dimensão, que não era considerada numa visão apenas arquitetónica.
É ainda de salientar que as partes não são de forma nenhuma o oposto do TODO e que é o TODO que lhes confere significado. Isto porque, apesar das partes, só por si, não serem suficientes para a construção do TODO, o TODO é suficiente por si só.

Pois a VIDA é o TODO que Deus nos deu para celebrar em toda a sua plenitude e são as relações que estabelecemos com o que nos rodeia na nossa sociedade que formam as partes que constituem este TODO.
Como partes podemos distinguir então: o Amor, a Crença em Deus, os Objectivos, os Sonhos, o Lazer, a Diversão, a Cultura, o fazer o Bem, o espírito de Solidariedade, as Amizades novas, as Amizades de sempre, as Férias, a Família e também o Estudo e o Trabalho, entre outras que, de certo, me esqueci neste momento.
Apenas na interligação de todas estas partes que, como partes que são, são necessárias, se consegue construir um TODO firme e equilibrado, como tem de ser a nossa VIDA.
Só alimentando devidamente cada uma das partes se consegue alimentar um TODO sólido e coerente em que TODOs nos queremos e nos devemos tornar. É esse o caminho que temos para nos fazermos felizes.
Assim, este TODO que é a VIDA, não pode ser só a parte do trabalho, nem só a parte do estudo, assim como não pode ser só a parte da diversão e a parte do lazer. Pois como disse, todas as partes são necessárias, são essenciais.
De facto, se entendermos o “corpo” como o TODO e os “membros” como as partes, já na Bíblia está escrito: “o corpo é um só, mas tem muitos membros; e no entanto, apesar de serem muitos, todos os membros do corpo formam um só corpo... Se o corpo inteiro fosse olho, onde estaria o ouvido? ... Se o conjunto fosse um só membro, onde estaria o corpo?... Os membros do Corpo que parecem mais fracos são os mais necessários; e aqueles membros do corpo que parecem menos dignos de honra, são os que cercamos de maior honra... se um membro sofre, todos os membros participam do seu sofrimento” (I Coríntios 12).
Por vezes, acontece que nos dedicamos mais a umas partes que às outras... várias pessoas, devido à parte dos objectivos e à parte dos sonhos, se dedicam mais à parte do trabalho... Mas de seguida é essencial compensar todas as outras partes com igual carinho, com calma. Para que o TODO que é a VIDA se construa forte e equilibrado sem pontos de fragilidade. Não se encontra a plenitude do TODO sem se encontrar a plenitude de todas as partes e das suas relações.

Este ano que passou foi muito importante para mim!
Finalmente, depois de vários anos, tive tempo para alimentar todas as partes simultaneamente a par da parte dos objectivos e da parte dos sonhos: as que me movem. Assim, sei que cresceu mais forte o meu TODO ao mesmo tempo que me senti mais TODO também.
Foi um ano de realização profissional ou estudantil (o que quiserem), mas também de realização pessoal que contribui para formar este TODO que eu sinto ser feliz, coeso e pleno enquanto preparo o meu caminho futuro.
Desta forma serei de certo mais forte para o que há-de vir, pois para a frente continuam muitos mais sonhos, continua muito mais trabalho, continuam vocês: os amigos e a família, que das partes todas que referi são talvez as partes mais certas que temos no nosso TODO. Talvez as partes por excelência que servem se alicerce para todas as outras.
E por isso Obrigado, por este, e por todos os outros anos! Obrigado por serem parte essencial e importante do meu TODO!

Irei sempre procurar que o meu TODO cresça forte e que me sinta confortável com ele de uma forma humana não egoísta. Porque acredito que só há essa forma verdadeira de ser feliz!
É desta forma que alimentando o nosso TODO alimentamos também o TODO dos outros, como espero alimentar o teu!!

Beijões! Abrações!
Bom Ano 2005!!!